"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará" - Jo 8:32

sábado, 26 de janeiro de 2019

Bíblia Missionária traz conteúdo em realidade aumentada e outros recursos para facilitar o ensino individual e coletivo das Escrituras

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Você vai à casa de um irmão da igreja. Ali encontra familiares e amigos dele que não são adventistas. Vocês começam a conversar sobre os problemas de cada um e, espontaneamente, o assunto acaba em religião. Deus parece soprar em seu ouvido que aquele encontro pode se transformar numa reunião de pequeno grupo. Depois de retrucar mentalmente, você ouve a resposta divina: “Sim! Aqui e agora!”
Imediatamente você toma sua Bíblia Missionária e procura no índice um roteiro de encontro para pequeno grupo com um tema adequado para o momento. Após ler para os presentes o texto bíblico introdutório, você faz as perguntas para discussão e reflexão. As pessoas opinam e perguntam. Você termina o encontro orando pelas necessidades de cada um. Na prática, ocorreu uma reunião de pequeno grupo de amigos para estudar a Palavra de Deus.
No fim do encontro, alguém procura você e revela ter curiosidade sobre o livro do Apocalipse. Você não é um especialista em profecias, mas não se intimida e oferece para ele o curso bíblico “Apocalipse: Revelações de Esperança”. Mesmo sem ter muito conhecimento prévio sobre o assunto, você entrega a ele regularmente uma lição impressa do curso e complementa o conteúdo com base nas informações adicionais da Bíblia Missionária. Basta ler a primeira pergunta de cada lição nas duas últimas páginas da Bíblia Missionária, procurar a passagem indicada, e ler a nota explicativa junto à passagem e a próxima pergunta do estudo.
Por causa de sua linguagem simbólica, nada melhor do que estudar o Apocalipse com a ajuda de recursos visuais. Por isso, você toma um smartphone, baixa gratuitamente o aplicativo Apocalipse RA (para Android e iOS, no Google Play e App Store, ou em apocalipse.com/app), e, por meio desse recurso, mira a câmera do celular nos desenhos quadriculados que estão no guia de estudo do aluno e na Bíblia Missionária. Por meio da tecnologia de realidade aumentada, vocês veem pela tela do smartphone, em animações em 3D, os anjos tocando trombetas, o santuário celestial, a cidade santa e as bestas do Apocalipse, além de outras visões detalhadas no estudo. Se seu amigo faz uma pergunta difícil, também não é problema. Há no material notas esclarecendo as passagens de interpretação mais controvertida.
Bíblia Missionária é leve e fácil de manusear (mede 14 × 21 cm), e está disponível em capa dura ou flexível (luxo). Os cursos bíblicos “Ouvindo a Voz de Deus” (com 27 lições sobre temas doutrinários) e “Apocalipse: Revelações de Esperança” (versão reformulada, com 21 lições, do experimentado “Seminário Revelações do Apocalipse”) estão dispostos em cadeia ao longo da Bíblia. Roteiros para reuniões de pequenos grupos, notas sobre textos controvertidos, diagramas, tabelas, mapas e cronologia complementam os recursos do material.
Enfim, nunca foi tão fácil instruir seus amigos e familiares com base na Bíblia e “apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade” (2Tm 2:15).
Escrito por:
FERNANDO DIAS é pastor e editor dos livros de Ellen G. White na CPB. Ele foi um dos editores da Bíblia Missionária
(Resenha publicada na edição de janeiro de 2019 da Revista Adventista)
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O contexto bíblico do 666 - As atitudes e entidades por trás do código

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É bem antiga a interpretação do significado do número 666 pelo método chamado gematria. A aplicação do número ao alegado título papal “Vicarius Filii Dei” foi originalmente proposta por Andreas Helwig (1572-1643), em sua obra Antichristus Romanus, publicada em 1602. Muitos cristãos têm convicção da coerência dessa “exegese”. Além disso, protestantes históricos, desde os primeiros reformadores, relacionaram a entidade revelada por meio da metáfora do anticristo e da besta ao papado em sua trajetória perseguidora durante a Idade Média e no fim dos tempos, como o pretenso “substituto do Filho de Deus” (ver Robert O. Smith, More Desired than Our Owne Salvation: The roots of Christian zionism [Nova York: Oxford University Press, 2013], p. xxxv; Carl P. E. Springer, Luther’s Aesop [Kirksville, MO: Truman State University Press, 2011], p. 168. Antony C. Thiselton, 1 and 2 Thessalonians Through the Centuries [Malden, MA: Wiley-Blackwell, 2011], e-book).
No entanto, muitas questões surgem diante dessa interpretação. Primeiro, a palavra traduzida por “calcular” é o verbo grego psephizo, que tem o sentido de “contar” e “calcular”, mas também de “descobrir”, “interpretar” e “vir a conhecer” (Timothy Friberg, Barbara Friberg e Neva F. Miller, Analytical Lexicon of the Greek New Testament [Victoria, British Columbia: Trafford Publishing, 2005]). Ademais, outros nomes e títulos têm sido apontados como resultando em 666 por meio da gematria. Soma-se ainda o fato de que não há nada parecido em toda a Bíblia, nem em Daniel nem nos outros profetas. As metáforas ou símbolos deles não dependem de um cálculo numérico a partir de um nome ou título. Quando relatam visões, os profetas não usam códigos secretos, mas símbolos e metáforas, todos extraídos do contexto bíblico. Por fim, a aplicação do número a uma única entidade na história ignora que o 666 é mencionado em relação à besta em sua fase posterior à cura da ferida mortal, sendo algo ainda futuro. É importante destacar também que o número é da besta como um todo e não de uma de suas cabeças, aquela ferida em 1798.
Diante dessas considerações, diferentes autores têm se debatido em busca do verdadeiro significado do 666 (ver Beatrice S. Neall, The Concept of Character in the Apocalypse with Implications for Character Education [Washington, DC: University Press of America, 1983]; G. K. Beale, The Book of Revelation [Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2013]; e Craig R. Koester, Revelation [New Haven: Yale University Press, 2014]). O objetivo deste artigo é discutir o tema com mais atenção ao contexto bíblico. A proposta é ver o relato acerca da imagem da besta e do número 666 (Ap 13:11-18) como parte de um contexto maior em que o capítulo 14 deve ser considerado, tanto quanto a primeira parte do 13. Ao mesmo tempo, também se busca no contexto bíblico as referências dessa visão de João. Nesse sentido, a pergunta é: Quais textos das Escrituras se refletem nessa visão e como nos ajudam a entender o que o apóstolo tinha em mente com o número 666?
CONTEXTO NO APOCALIPSE
O mais natural na interpretação da imagem da besta é vê-la como uma aliada da primeira besta e do dragão, formando a trindade do mal. Esses símbolos representam inimigos do povo da aliança, os quais o perseguem em diferentes fases da história. No tempo de Cristo, o império romano era o poder opressor dos judeus, e foi pela mão de soldados romanos que ­Cristo foi crucificado (cf. Ap 12:4; 2:9-10, 13). Durante a Idade Média, os cristãos foram perseguidos por 1.260 anos por uma entidade representada nesses mesmos símbolos (12:6, 14; 13:5, 7). E no tempo do fim são previstas intolerância e perseguição por parte desses poderes e seus aliados (12:17; 13:11-18).
No entanto, se nos detivermos em Apocalipse 12 e 13 para tratar dos símbolos ali descritos, poderemos ter apenas um contexto parcial das visões e enfrentaremos dificuldades ao lidar com o número 666. Diante dos desafios, a tendência é isolar o símbolo de seu contexto e ir para fora do texto bíblico em busca de significados possíveis. É preciso enfatizar que esse é um método impreciso. Os símbolos bíblicos só encontram sua correta interpretação dentro do contexto bíblico.
A proposta então é estender a perícope de estudo até Apocalipse 14:12. O motivo são as conexões claras entre os dois capítulos. O capítulo 13 diz que a “marca” da besta é colocada sobre a “mão” e a “fronte” das pessoas (13:16); o 14 começa com a visão dos 144 mil, que têm o nome de ­Cristo e de “seu Pai” sobre sua “fronte” (14:1). No capítulo 13, a segunda besta impõe a “marca da besta”; a terceira mensagem no capítulo 14 adverte contra a “marca da besta”, numa clara continuação do tema. Além disso, é preciso notar a conexão entre Apocalipse 13 e o Pentateuco. O capítulo 13 diz que a terra e seus habitantes “adoram” a besta e o dragão (v. 4, 8, 12, 15); já o 14 traz o apelo do primeiro anjo para adorar o Criador que fez o “céu, e a terra, e o mar”, numa alusão a Gênesis 1 e 2 e Êxodo 20. Por fim, o capítulo 13 usa as palavras “fôlego” (pneuma) e “imagem” (eikon) para descrever a ressurreição da besta, e nisso também faz alusão ao relato da criação, quando pneuma (fôlego de vida) é assoprado para fazer Adão à “imagem” e “semelhança” de Deus (Gn 2:7; 1:27, 31). Assim, as visões de Apocalipse 13 e 14 estão interligadas e fazem referência ao relato da criação em Gênesis 1 e 2 e a Êxodo 20.
Com essa intertextualidade entre Apocalipse 13 e 14 e Gênesis 1 e 2 encontramos uma importante pista para a interpretação do significado do número da besta, que é dito ser “número de homem” (Ap 13:18). O contraste entre o “número de homem” (13:18) e o “selo de Deus” (7:2; 14:1) também retoma a criação, quando o Deus criador e o homem criatura estão juntos no dia de sábado (Gn 2:1-3; Êx 20:8-11). No livro Secrets of Revelation: The Apocalypse through Hebrew eyes (Review and Herald, 2002, p. 118), Jacques Doukhan diz que a tradição bíblica associa o número seis ao homem desde sua criação, no sexto dia, e que isso está implicado na frase “número de homem” (Ap 13:18).
DESCANSO E PLENITUDE
O relato de que Deus descansa no ápice de Sua criação (Gn 2) vem logo após a informação de que Ele criou o homem “à Sua imagem” (1:26). Isso indica que o autor de Gênesis considera o descanso de Deus no sétimo dia à luz do tema da criação do homem à “imagem de Deus” no sexto dia. O objetivo é ensinar que o homem cultiva sua semelhança com Deus ao entrar com o Criador no descanso do sétimo dia. Gregory Beale afirma: “A humanidade foi criada no sexto dia, mas sem o sétimo dia de descanso Adão e Eva estariam incompletos e imperfeitos” (The Book of Revelation, p. 724).
De fato, ao imaginarmos o sétimo dia da semana da criação, podemos atestar a imagem e semelhança entre Deus e o homem à luz do tema do descanso. Toda a natureza seguia seu curso normal ao entrar no sétimo dia. Contudo, Deus e o homem pararam a fim de descansar e contemplar. A natureza é incapaz de parar e descansar por que não foi criada à imagem de Deus.
No entanto, com o pecado, as pessoas resistem a entrar no descanso divino, por causa de incredulidade e desobediência (Sl 95:11; Hb 3:11, 18, 19). Nesse caso, aqueles que se recusam a entrar no sétimo dia do descanso de Deus indicam, com isso, que não se consideram parte da imagem divina, mas parte da natureza, que não altera seu ritmo ao entrar no sábado. O autor de Hebreus usa o tema do descanso ­sabático em referência ao santuário. Mas o que é o ­sábado senão um santuário, em que se entra ou se deixa de entrar? Que a entrada no descanso divino aproxima o homem do Criador é bem atestado pelo autor de Hebreus: “Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das Suas” (Hb 4:10).
Seguindo esse raciocínio, podemos dizer que, na semana da criação, avançar do sexto dia (o dia do homem) para o descanso do sétimo dia (o dia de Deus) é aceitar que fomos criados à imagem divina e que não viemos à existência por nós mesmos. A incredulidade referida em Hebreus consiste em não aceitar nossa origem divina por não entrar no descanso, referido com a linguagem do sábado. No entanto, quando o homem entra no descanso de Deus, ele se identifica com o Criador e deixa de ser parte da natureza para ser parte do ­círculo da divindade, como criatura que reflete a “imagem” e “semelhança” de Deus, atingindo a plenitude.
Nessa linha de pensamento, João pode ter empregado o número seis no Apocalipse como uma referência ao dia da criação do homem, mas fazendo menção ao homem que resiste a entrar no descanso de Deus, permanecendo assim na incompletude.
A ideia de incompletude referida pelo número seis no Apocalipse é bem clara. No sexto selo, sexta trombeta e sexta praga, o plano da salvação não está completado, e só se consuma quando se avança para o sétimo elemento. O “silêncio” do sexto selo (Ap 8:1), as “grandes vozes” celestiais da sétima trombeta (11:15) e o “está feito” da sétima praga (16:17) indicam o estado de plenitude a que chega a obra divina quando se avança do sexto para o sétimo elemento. “O sétimo em cada série no Apocalipse retrata a consumação do reino de Cristo. Cada série é incompleta sem o sétimo elemento” (The Book of Revelation, p. 722).
A MARCA E O SELO
João afirma que o selo divino é colocado sobre os “servos do nosso Deus” (Ap 7:3; 14:1). A palavra “selo” nesses versículos traduz o termo grego sphragis, o qual indica um meio ou instrumento de “autenticação”, “certificação”, “confirmação” e “reconhecimento” (Analytical Lexicon of the Greek New Testament). Nesse caso, o selo não é algo imposto, mas apenas uma forma de confirmar e certificar algo que é intrínseco, próprio do caráter e da escolha individual. Os servos de Deus já são servos antes do selo (Ap 7:3). Eles têm feito sua opção de servir ao Senhor e de ­adorá-Lo como Criador. Por isso têm o “selo” ou o “nome” divino em sua fronte (7:3; 14:1). O selo é algo que pode ser visto; é evidenciado na atitude dos servos de Deus em entrar no descanso divino no sétimo dia.
Por outro lado, o restante da humanidade, que não adora o Criador nem proclama a si mesmo como parte da criação à imagem e semelhança divina, recebe a “marca da besta” (Ap 13:17). A maioria das versões bíblicas traduz esse texto indicando que as pessoas recebem “a marca, o nome da besta ou o número do seu nome” como se fossem três coisas semelhantes. No entanto, o chamado Códex Alexandrino traz outra leitura (Revelation of Jesus Christ, p. 425). Literalmente, essa versão diz que as pessoas recebem “a marca, que é o nome da besta ou o número do seu nome” (Ap 13:17, NVI). Essa tradução se ajusta melhor ao contexto, ao indicar que a “marca” é uma forma de identificar aqueles que têm desenvolvido em si mesmos o “nome” ou o “número” da besta. “Nome” e “número” são indicativos do caráter dessas pessoas em sua associação com o dragão e a besta, inimigos de Deus, os quais não aceitam sua origem como criação divina.
A palavra grega usada para “marca” é káragma, que indica “marca ou carimbo feito por gravura, impressão, marcação”, em geral para marcar animais e escravos (Analytical Lexicon of the Greek New Testament). Enquanto o selo é uma autenticação de algo voluntariamente aceito, a marca é algo imposto como resultado de conformidade ou submissão. Assim, no contexto de Apocalipse 13 e 14, os “selados” são aqueles que assumem sua origem como “imagem” de Deus porque entram em Seu descanso e, assim fazendo, O adoram como Criador (Ap 14:7). Os “marcados” são aqueles que não assumem nem cultivam sua semelhança com Deus e, assim fazendo, não O reconhecem nem O adoram como Criador.
O ESPÍRITO DO ANTICRISTO
A resistência em adorar o Criador corresponde, portanto, a resistir em avançar da condição humana de número seis e ascender para o sete da perfeição. No entanto, a resistência a ser criatura divina e a entrar no descanso de Deus não é uma atitude final. Aqueles que não admitem sua filiação com Deus vão necessariamente tentar ocupar o lugar de Deus, no sentido de substituí-Lo. Com isso, assumem o espírito do anticristo, desejando colocar-se em lugar de Deus.
Sendo uma Trindade perfeita, Deus pode ser designado com a repetição tríplice do sete. Por outro lado, a trindade satânica (dragão, besta e falso profeta), sendo uma imperfeita contrafação da ­Divindade, seria designada com a repetição ­tríplice do seis, o que indica uma intensificação da incompletude (The Book of Revelation, p. 722).
Nesse caso, o número 666 pode indicar a tentativa repetida e frustrada por parte do diabo, da besta e do falso profeta em ser como o Deus perfeito, associado no Apocalipse ao número sete. Essa mesma tentativa é seguida por todos aqueles que não admitem sua origem divina. Por isso, eles têm o “nome” ou o “número” da besta. Assim, o número 666 pode ser visto como a “acumulação ou repetição tríplice do número seis”, da recusa insistente em assumir a própria identidade como imagem divina (Alan F. Johnson, Revelation [Grand Rapids, MI: Zondervan, 1981], p. 535).
O dragão, a antiga serpente, foi o primeiro a fazer essa investida. Ele recusou a se submeter a Deus como parte de Sua criação e não O glorificou como Senhor. Em seguida, desejou ocupar o lugar de Deus: “Eu subirei ao Céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:13, 14). “Semelhança” aqui não indica afinidade, mas concorrência e substituição. Lúcifer queria assentar-se no santuário celestial, em lugar de Deus. Na sequência, ele disse a Eva: “Você será como Deus” (Gn 3:5), levando-a a imitá-lo em sua ofensiva fracassada.
Quando ergueu a estátua de ouro com 60 côvados de altura e seis de largura (­Dn 3:1), Nabucodonosor estava empreendendo a mesma tentativa de ocupar o lugar de Deus. O Senhor havia revelado que a cabeça de ouro da estátua do sonho representava Babilônia em sua fase na história (Dn 2:38, 39), e que por fim viria o reino de Deus (Dn 2:44). Entretanto, com uma estátua toda de ouro, o rei quis indicar que seu reino cobriria toda a história e não permitiria a chegada do reino de Deus. Nisso, ele exibia o mesmo espírito ou “nome” do anticristo.
A besta, ao imitar o dragão, faz a mesma investida. Ela pretende ser semelhante a Deus, no sentido de estar no lugar Dele, daí o pretenso título de “substituto do ­Filho de Deus”. Por isso, a respeito dela se indaga: “Quem é semelhante à besta?” (Ap 13:4), como se ela fosse superior a todos, incluindo Deus. Quando João diz que os ímpios têm a “marca” da besta, está dizendo que eles têm o mesmo caráter dela, ou seja, compartilham com ela e com o dragão o desejo de querer ocupar o lugar de Deus, tentando ser “semelhantes” a Ele, no sentido de concorrência e substituição.
Nessa linha, Beatrice S. Neall afirma que “o número 666 representa a recusa humana de ascender para o sete, de dar glória a Deus como Criador e Redentor”. Ele “representa o homem exercendo a soberania em lugar de Deus, o homem conformado à imagem da besta em lugar da imagem de Deus” (The Concept of Character in the Apocalypse, p. 154).
O nome e o número da besta, portanto, não são exclusivos dela. Ela os obteve ao se identificar com o próprio Satanás em sua campanha de tentar ser semelhante a Deus. A finalidade da besta é impor esse “nome” e “número” a toda humanidade. O dragão levou Eva a desejar ser “semelhante” a Deus, no sentido de concorrência e substituição. Ao partilhar da investida do dragão, a primeira mulher perdeu sua identidade com o Criador e se tornou a primeira pessoa a demonstrar um caráter associado ao nome e ao número da besta. Contudo, depois teve a oportunidade de se arrepender.
O 666, nessa perspectiva, aponta não a uma entidade única, mas a uma atitude de incredulidade e rebeldia compartilhada pelo dragão, a besta, o falso profeta e por todos aqueles que não recebem o selo de Deus, por não entrarem em seu descanso, com todas as implicações nisso envolvidas.
A suprema realização do ser humano não consiste em negar o Criador e tentar substituí-Lo, mas em avançar da condição do número seis (número de homem) para a plenitude do sete (o número divino). Entrar no descanso de Deus é assumir nossa identidade como filhos criados à imagem e semelhança divina. Todos aqueles que ­cultivam essa identidade recebem o selo do Deus vivo, preparando-se para estar com o Cordeiro sobre o monte Sião. 
Escrito por:
VANDERLEI DORNELES, doutor em Comunicação, é coordenador de pós-graduação na Faculdade de Teologia do Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)
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Pedal missionário - Ministério iniciado em 2018 já reúne 454 ciclistas do Brasil, Argentina e Estados Unidos

Resultado de imagem para ciclistasEm 2018, a produção de bicicletas no Brasil cresceu 49,8% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares. A estatística reflete o aumento do número de adeptos do transporte sobre duas rodas no país.
Além de movimentar o mercado ciclístico, essa tendência tem criado oportunidades para o ministério Seven Bikers, que nasceu em fevereiro por iniciativa do ciclista Heber Girotto, de Hortolândia (SP). Ele decidiu utilizar os passeios com os amigos nos fins de semana como um meio de evangelizar. “Um dos nossos principais objetivos é fortalecer a amizade e oferecer àqueles com quem entrarmos em contato uma experiência de vida com Cristo”, ele explica.
Apesar de ter começado há pouco tempo, o grupo cresceu e conquistou ciclistas de outros lugares, formando uma rede que já envolve pessoas de 29 cidades espalhadas por oito estados brasileiros, além de participantes da Argentina e dos Estados Unidos.
Lanei Poll foi um dos primeiros a se conectar com o projeto. Ele já pedalava com um grupo de amigos semanalmente em Jundiaí (SP) e ficou interessado em conhecer o ministério Seven Bikers depois de ouvir Sérgio Simonato, colega de pedal, falar sobre a iniciativa.
Também foi por meio de Sérgio, membro da igreja em Indaiatuba, que Júlio Vieira, outro ciclista do interior de São Paulo, passou a integrar o ministério. “O grupo crescia a cada semana e isso me fazia querer ir à igreja para encontrá-los”, relata. Com o tempo, ele também se interessou pela mensagem adventista e passou a frequentar a Escola Sabatina. Depois de estudar a Bíblia, o ciclista decidiu ser batizado no mês de julho. Hoje ele lidera um grupo de 84 integrantes do Seven Bikers em Indaiatuba.
NOVOS PROJETOS
Considerada pela ONU um dos meios de transporte mais sustentáveis do planeta, a bicicleta é utilizada por cerca de 7% dos brasileiros, como revelou uma pesquisa sobre mobilidade urbana realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O mesmo levantamento mostrou que o Brasil tem mais bicicletas que carros.
Atento a essa tendência, o ministério dos ciclistas adventistas tem buscado atrair essa parcela representativa da população que pedala por hobby ou que usa esse meio de transporte no dia a dia. As metas são ousadas. “Queremos ser a maior rede de ciclistas ao redor do mundo, impactando a vida das pessoas e de comunidades em que o acesso do evangelho sem a bike é restrito”, afirma Lanei Poll, que hoje é responsável pela divulgação do projeto.
Para que o ministério funcione de maneira organizada, cada participante é incentivado a realizar um cadastro e a emitir a carteirinha de identificação que traz dados do ciclista e da bicicleta, o que também é uma medida de segurança. O site oficial do ministério (sevenbikers.com.br) também informa como fazer parte do grupo ou estabelecer um núcleo do Seven Bikers na igreja local, além de oferecer a opção de downloads de estudos bíblicos personalizados. O próximo passo será lançar um aplicativo com funções específicas para evangelismo sobre duas rodas.
Escrito por:
SABRINA TAVARES GIROTTO é estudante de Jornalismo
(Texto publicado originalmente na edição de janeiro de 2019 da Revista Adventista)
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Lições da vida de João Batista

João Batista batizou Jesus antes do inicio de seu ministério público (Foto: Reprodução / YouTube)
“Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados, graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz. O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel” (Lucas 1:76-80).
Em meus cultos diários, além de estudar a Bíblia e a lição da Escola Sabatina, também me aprofundo nos escritos de Ellen G. White. E foi nesse estudo detido, detalhado, minucioso, que eu me deparei com o décimo capítulo do Desejado de Todas as Nações, intitulado A Voz do Deserto. Fiquei impressionado com a personalidade e o caráter de João Batista. Por isso, quero partilhar com você algumas das características que encontrei na pessoa dele.
ELE ERA SANTO
João Batista foi chamado para ser o mensageiro de Jeová. Ele deveria “imprimir” nas pessoas uma “nova direção aos pensamentos”. Ele “devia impressioná-las com a santidade dos reclamos divinos”. Ora, se ele fora chamado para exercer uma obra de santidade, então ele próprio deveria ser santo. João Batista era um santo homem de Deus.
Como filhos de Deus, temos que ser santos. Sabe por quê? “Porque precisamos ser um templo para a presença de Deus”. Ser santo significa ser consagrado a Deus, dedicado a Deus, viver com uma conduta coerente com Deus, que nos convida a sermos santos. Nesse sentido, ser santo não é uma consecução, mas um estado: quando Deus me chama para uma obra, Ele me santifica; me escolhe; me separa; me dedica a Ele.
Você é santo(a)?
ELE ERA DISCIPLINADO
“Ao tempo de João Batista, a cobiça das riquezas e o amor do luxo e da ostentação se haviam alastrado. Os prazeres sensuais, banquetes e bebidas, estavam causando moléstias e degeneração física, amortecendo as percepções espirituais, e insensibilizando ao pecado”. As pessoas viviam como queriam, e quem quisesse ser diferente, quem quisesse viver a vontade de Deus, precisava dominar “os apetites e as paixões”. Para poder viver a expectativa de Deus, João Batista aprendeu a “dominar suas faculdades”. Dessa forma, ele foi capaz de se manter inabalável na sociedade, tão inabalável “como as rochas e montanhas do deserto”.
João Batista era disciplinado. Ele tinha um caráter firme, decidido, focado. Nada era capaz de distraí-lo da missão que tinha.
Como filhos e filhas de Deus, precisamos ser disciplinados: firmes, decididos, focados, inabaláveis como as rochas. Indisciplinado é alguém desorganizado, bagunçado, que não tem hora pra nada. Disciplinado é alguém organizado, metódico, sistemático.
Você é disciplinado(a)?
ELE ERA REFORMADOR
Diante da bagunça, da licenciosidade e da permissividade de seus dias, “João Batista devia assumir a posição de reformador. Por sua vida abstinente e simplicidade de vestuário, devia constituir uma repreensão para sua época”.
Note que diante de uma sociedade desregrada, João Batista não fez campanha, projeto ou movimento; não fez cartaz, propaganda ou marketing. Ele era a campanha; ele era o projeto; ele era o movimento; sua vida era seu discurso. Antes mesmo de pregar o que as pessoas deveriam abandonar, ele já demonstrava em sua vida a mudança que deveria ocorrer. Antes mesmo de pregar como as pessoas deveriam viver, ele já demonstrava em sua vida o modo correto de vida.
Ser reformador significa mostrar na vida as mudanças que queremos que ocorram na igreja e na sociedade; ser reformador significa repreender os maus comportamentos com o poderoso sermão de uma vida pautada pela vontade de Deus.
Você é um(a) reformador(a)?
ELE ERA ESTUDIOSO
João Batista tinha um discurso poderoso, tanto na forma quanto no conteúdo. Sim, sua pregação tinha conteúdo sólido. E onde ele estudou? O que ele estudou?
(1) João Batista não estudou nas escolas de teologia da época porque estas não o ajudariam a se preparar para cumprir a missão que ele tinha; os professores de teologia dessas escolas não eram confiáveis;
(2) ele foi ao deserto, local literal e simbólico, que lembra isolamento e concentração;
(3) os temas que estudou foram: a natureza e o Deus da natureza.
Além disso, Ellen G. White ressalta que “João encontrou no deserto sua escola e santuário”. O que ele fazia no deserto? No deserto, “sozinho, no silêncio da noite, [João Batista] lia a promessa feita por Deus a Abraão, de uma semente tão inumerável como as estrelas. A luz da aurora, dourando as montanhas de Moabe, falava-lhe dAquele que havia de ser “como a luz da manhã quando sai o Sol, da manhã sem nuvens”.
João Batista tinha um deserto literal, e nele tinha uma experiência de intenso aprendizado. No deserto, João Batista bebia da fonte do conhecimento.
Você e eu precisamos ter nosso “deserto”, que seja nossa escola e nosso santuário; nossa escola para fortalecer nosso intelecto, e nosso santuário para fortalecer nossa fé. Você tem seu “deserto” de aprendizado? Pode ser seu escritório em casa, no trabalho ou algum outro lugar. Você precisa ter um local onde diariamente possa ler, estudar, aprofundar e escavar a verdade.
Você é estudioso(a)?
ELE ERA SOCIÁVEL
Pelo que comentamos até aqui, pode parecer que João Batista era um alienado, um ermitão. Nada disso. Ellen White escreve que “A vida de João [Batista] não era […] passada em ociosidade, em ascética tristeza, em isolamento egoísta. [Ele] ia de tempos a tempos misturar-se com os homens; e era sempre observador interessado do que se passava no mundo. De seu quieto retiro, vigiava o desdobrar dos acontecimentos. Com a iluminada visão facultada pelo Espírito divino, estudava o caráter dos homens, a fim de saber como lhes chegar ao coração com a mensagem do Céu”.
João Batista tinha uma personalidade interessantíssima, que misturava estilo introvertido e extrovertido. Em sua introversão, passava longo tempo no deserto; em sua extroversão, se misturava com as pessoas.
A vida de João Batista, entre o deserto e as multidões, é um tremendo puxão de orelhas nas pessoas que pensam que a vida cristã se resume a morar nas montanhas, e de lá ficar criticando meio mundo. Preste atenção ao que Ellen G. White registrou: “Os que buscam esconder sua religião […] ocultando-a dentro de muros de pedra, perdem valiosas oportunidades de fazer o bem. Por meio das relações sociais, o cristianismo se põe em contato com o mundo”.
A vida de João Batista, entre o deserto e as multidões, é uma tremenda inspiração.
Você é sociável?
ELE ERA SINGULAR
João Batista era singular, único. Mas sua singularidade, em vez de torná-lo alguém estranho, esquisito, o tornava alguém atrativo. Ellen G. White afirma que “o singular aspecto de João fazia a mente dos ouvintes reportar-se aos antigos videntes. Nas maneiras e no vestuário, assemelhava-se ao profeta Elias. Com o espírito e poder deste, denunciava a corrupção nacional, e repreendia os pecados dominantes. Suas palavras eram claras, incisivas, convincentes. Muitos acreditavam que fosse um dos profetas ressuscitado. Toda a nação se comoveu. Multidões afluíam ao deserto”.
Ser singular significa ser diferente, inigualável, incomparável. Nós não devemos ser mera cópia de outro. Nós somos especiais, não a ponto de sermos excêntricos, bizarros, mas a ponto de sermos ímpares e sui generis.
Você é singular?
ELE ERA UM PREGADOR ENTUSIASTA
João Batista era um pregador poderoso e entusiasta. Os antigos compreendiam a palavra entusiasmo como se referindo a alguém inspirado ou possuído pela presença de Deus. Assim, o entusiasta seria alguém que tinha Deus. E João Batista certamente tinha Deus. Ellen G. White escreve que ele falava palavras que tocavam fundo no coração das pessoas, e ao ouvi-lo, as multidões reagiam com convicção, a ponto de perguntarem: “E agora, que faremos?” E ele respondia: “Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira” (Lucas 3:10, 11). E advertia os publicanos contra a injustiça, e os soldados contra a violência.
Quando você pregar, faça-o com tal poder e entusiasmo que as pessoas sintam o desejo de se entregar a Deus e mudar de vida.
Você é um(a) pregador(a) entusiasta?
ELE ERA HUMILDE
João Batista adquiriu reconhecimento, fama, boa reputação. Mas ele sempre se manteve humilde. Isso é bem ilustrado por estas palavras de Mateus 3:11: “Eu batizo vocês com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de carregar as sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo”.
João Batista sabia quem ele era, mas também sabia quem não era. Ele era humilde. Humildade é a virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza e limitações. Humildade é modéstia. Ser humilde é permitir que a vontade de Deus floresça em nossa vida. João Batista viveu assim. Nunca se considerou “a cereja do bolo”. E embora corajoso e decidido, se manteve humilde ao longo de seu ministério.
Você é humilde?
CONCLUSÃO
Eu quis partilhar com você algumas poucas características da pessoa de João Batista: Ele era santo, disciplinado, reformador, estudioso, sociável, singular, um pregador entusiasta, humilde.
Você consegue imaginar o efeito de alguém com essas características convivendo com outras pessoas?
O efeito será extraordinário, assim como foi a vida de João Batista. “Muitos deram ouvidos a suas instruções. Muitos sacrificaram tudo, a fim de obedecer. Multidões seguiam a esse novo mestre de um lugar para outro”.
Tudo o que eu escrevi pode ser resumido nesta frase: “Mais do que apenas impacto ou admiração, a vida de um verdadeiro cristão causa efeito transformador na vida das pessoas ao redor”.

Para compreender mais sobre a pessoa e ministério de João Batista, veja o vídeo a seguir:
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Pai percorre 680 km de bicicleta para acompanhar batismo do filho

Marcelo e o filho, Eduardo, juntos no Campori após uma longa jornada de bicicleta
Como forma de demonstrar sua alegria pela decisão do filho de ser batizado no V Campori Sul-Americano de Desbravadores, o ciclista Marcelo Nardelli percorreu 680 quilômetros de Brasília até Barretos, interior de São Paulo, onde acontece o evento.
O ciclista e seu filho, Eduardo, fazem parte do clube Águia, do templo adventista do Guará, no Distrito Federal. Nardelli pratica o ciclismo há três anos. Sua rotina inclui quatro treinos semanais na ida e na volta do trabalho. Para ir até o Campori, os exercícios foram intensificados nos últimos três meses. “Mas o que me deixa mais preparado é a prática diária, a constância e rotina dos treinos”, conta.
Aventura mudou a vida de Marcelo
Na madrugada do dia 10 de janeiro, Nardelli partiu em direção a Barretos, chegando ao seu destino no dia 13, às 16h30. O ciclista conta que o terceiro dia foi o mais difícil, pois existem muitas subidas íngremes no caminho. A água também havia acabado e ele estava exposto a um calor de 40 graus.
“Tive que parar debaixo de uma árvore que ficava em frente a uma madeireira. Percebendo que precisava de ajuda, o dono me ofereceu água. Foi a melhor água que já tomei (rs). No momento em que a bebi, meu corpo voltou a transpirar novamente. Foi algo impressionante! Conversando com o dono da loja, ele me disse que é adventista. Ali realmente percebi a proteção de Deus comigo”, relata.
Depois de enfrentar até mesmo chuva de granizo, concluir sua missão e finalmente reencontrar o filho no acampamento, o ciclista conta que a experiência fez com que seu modo de ver a vida mudasse. “Você começa a pensar diferente. É muito tempo sozinho: você, Deus e a bike. Então passa muita coisa na sua cabeça. Só quem vive isso sabe o que é”, acrescenta.

(Notícias Adventistas)
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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

CAVALO DE TRÓIA DENTRO DA IGREJA


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Último sermão pregado pelo Pastor Enoch de Oliveira, Ex-vice-presidente da Associação Geral, na Igreja Central de Curitiba, PR, no dia 22 de fevereiro de 1992. Sua morte ocorreu no dia 10 de abril.


Nesta manhã, gostaria, de apresentar um sermão diferente. Talvez, à saída, eu precise de uns dois guarda-costas para me proteger... 

Foi João Calvino, o grande reformador que, no momento de crise para a igreja da Reforma, enviou uma carta a Margarida de Navarro, que dizia: "Um cachorro ladra quando o seu dono é atacado." E eu seria um covarde se visse a Igreja de Deus ameaçada e guardasse silêncio, sem dar sinal de alarme. 

Durante 46 anos tenho pregado a Cristo e o poder redentor do Evangelho. Durante 46 anos tenho pregado a Palavra de Deus, e diante dos perigos que hoje confrontam a Igreja, eu seria um covarde se, nesta manhã, guardasse silêncio sem denunciar as forças que hoje ameaçam este último movimento profético da Igreja de Deus.

Sim, quero nesta manhã denunciar, sem reservas, sem eufemismos, sem circunlóquios, os perigos que ameaçam, perigos que militam contra a Igreja de Deus, o corpo místico de Cristo. Mas antes gostaria de fazer duas observações, à maneira de introdução: 

1ª observação: O tema de hoje não tem como endereço pessoas específicas. Não trago carapuças para pôr na cabeça de ninguém. E tarefa do pastor também instruir, repreender, guiar e orientar a Igreja, mas deve fazê-Io com amor e ternura. Eu amo a todos os membros desta igreja, e peço a Deus que me dê palavras suaves para que, denunciando pecados, não denuncie pessoas. 

2ª observação: Temos muitas visitas nesta manhã, e elas são bem-vindas a esta igreja. A igreja e o pregador se alegram com as visitas que aquitemos. Mas uma família muitas vezes se reúne para discutir seus problemas internos, e hoje a família de Deus, a comunidade adventista da Igreja Central de Curitiba, aqui está reunida para ouvir a exposição de alguns de seus problemas internos.

O tema do meu sermão desta manhã tem como título "Cavalo de Tróia Dentro da Igreja". Num de seus poemas épicos, Homero, o grande poeta helênico, nos conta que as tropas gregas cercaram a cidade de Tróia durante dez anos. Foi um "sítio duro e r severo; cem mil soldados cercaram a cidade de Tróia, que resistiu com bravura, com heroísmo, com impressionante deteminação. Quando os gregos perceberam que os muros da cidade de Tróia eram inexpugnáveis, que eles jamais poderiam transpor as muralhas da cidade, imaginaram uma estratégia astuciosa. Convocaram um carpinteiro um mestre, um notável marceneiro e pediram que construísse um imenso cavalo de madeira. Esse cavalo de madeira, eu diria, estava sobre rodas, de maneira que podia ser movido sobre suas rodas. E, quando o cavalo estava pronto (uma obra de arte perfeita!), os soldados gregos simularam a retirada. Os cem mil soldados se retiraram e os habitantes de Tróia celebraram a grande vitória. Afinal, o cerco foi suspenso.

"Nós triunfamos sobre os gregos", pensaram. Mas os gregos foram além em sua estratégia. Pagaram a um traidor dentro da cidade de Tróia para convencer os dirigentes, as autoridades de Tróia; para trazerem o cavalo de madeira para dentro da cidade como um troféu, um troféu memorável da vitória alcançada. 
E, no dia seguinte, entre aclamações, a população levou o cavalo para dentro da cidade de Tróia. Foi um dia de celebrações triunfais. A noite, quando a população dormia, soldados gregos que se esconderam no ventre daquele cavalo de madeira, saíram sub-repticiamente do interior do cavalo, desceram e cuidadosamente abriram os portais de ferro, as grandes portas da cidade ld Tróia. E os soldados gregos, que haviam simulado uma retirada, voltaram precipitadamente, e naquela madrugada invadiram a cidade e passaram os habitantes de Tróia à espada. Era o grande triunfo dos gregos, conquistado com astúcia e habilidade.

Nós podemos derivar desse poema épico algumas lições preciosas aplicáveis à realidade que a igreja vive hoje. Por muitos anos, durante décadas, a Igreja Adventista permaneceu inexpugnável, imbatível, invencível diante do assédio do inimigo.

Fomos atacados com violência, mas a igreja permaneceu invencível. Mas, em sua determinação para conquistar a cidade de Deus, o príncipe deste mundo se vale de especial astúcia, empregando armas de terrível poder destruidor, depois de muitos esforços por vencer esta cidade. Empregando o mesmo ardil dos gregos no passado, Satanás conseguiu introduzir um cavalo de Tróia dentro dos muros de Sião, a cidade de Deus. Este cavalo de Tróia se chama liberalismo. 

E agora, sentindo a obra nefasta e ruinosa do liberalismo no seio da Igreja, percebemos quão vulneráveis somos aos ataques de Satanás. Durante muito tempo pensávamos que os nossos maiores inimigos estavam lá fora, e agora percebemos o significado de uma declaração do Espírito de Profecia. Atentem para esta declaração: 

"Temos muito mais a temer pelo que vem de dentro do que pelo que vem de fora." – Mensagens Escolhidas, vol 1, pág. 122. 

Faço-lhes, agora, uma pergunta: Quem são os que promovem o liberalismo dentro da Igreja? Não são pessoas más: eles são cristãos que amam a Igreja como você e eu; eles gostariam de ter a fé, o zelo e o fervor que marcaram a vida de nossos maiores. Mas com toda a sinceridade do coração, confessam não possuir estas virtudes. Eles desejam uma igreja diferente, eles querem uma igreja mais descontraída, mais moderna, mais aberta mais tolerante, uma igreja mais condescendente com o mundo. Não percebem eles, o compromisso que temos com Deus, como um povo peculiar que somos, de sermos diferentes. Não veem que o movimento adventista constitui um movimento profético. Perderam de vista a dimensão escatológica de nossa esperança e não sentem a urgência de nossa mis- são. Representando um amplo expectro do pensamento religioso, eles se esforçam por introduzir inovações na Igreja, tendo em vista torná-la mais popular, mais aceitável, mais tolerante, com uma roupa mais moderna. Há os que desejam uma igreja menos rígida com relação às bebidas alcoólicas: Por que não permitimos, não aceitamos o “inocente” vinho a "inocente" cerveja, e até mesmo o licor, em nossas festas sociais? Porque tanta intransigência? - dizem eles. 

A Bíblia é clara quando nos diz: "Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo, e se escoa suavemente." A Bíblia diz: "Para quem são os ais, para quem os pesares? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? Para aqueles que se demoram em beber vinho." 

A Bíblia não faz concessões, e como Igreja nós não podemos fazer concessão de forma alguma. Edgard AIlan Poe foi um dos gênios da literatura internacional, um dos maiores escritores da língua inglesa. Morreu prematuramente, vítima de cirrose hepática e delirium tremens. Escreveu, em sua curta existência, livros que traduzem mais talento e capacidade literária do que qualquer outro escritor da língua inglesa. E enquanto nos estertores da morte, em seu delírio ele balbuciava: "Minha mãe, minha mãe! Minha mãe me deu o primeiro copo!" 

Foi a mãe de Edgard Allan Poe que lhe deu o primeiro copo e fez dele um ébrio. Como Igreja jamais queremos que os pais aqui presentes, que as mães aqui presentes, deem o primeiro copo, iniciando seus filhos na trilha do vício, tornando-se eles, amanhã, bêbados contumazes.

Há os que defendem o uso das correntinhas, dos anéis e das e das joias. Por que a Igreja é tão intransigente? Leio as palavras do Apóstolo São Pedro em uma tradução moderna: "Não se preocupem com a beleza exterior que depende de joias, ou de roupas bonitas, ou de penteados extravagantes. Sejam belas interiormente, em seus corações, com o encanto duradouro do espírito amável e manso, que é tão precioso para Deus." I Pedro 3:3 e 4. 

A Igreja, com a Palavra de Deus nas mãos, exalta os encantos da modéstia cristã, o princípio da simplicidade em todas as coisas. 

Há, em nosso meio, os que não hesitam em advogar a atividade sexual pré-marital (fornicação, na expressão bíblica) - Cavalo de Tróia dentro da Igreja! E a Palavra de Deus diz que os fornicários não terão parte no reino de Deus. Aos que não vacilam em defender a experiência sexual extra-marital (adultério), a Bíblia diz: os adúlteros não terão parte no reino de Deus. 

Em uma sociedade permissiva, saturada de sexo, uma sociedade imunda, uma sociedade cheia de vícios, degradada pelas mais vis concupiscências, os adventistas são instados a ser o sal da terra e a luz do mundo. Em uma sociedade que glorifica o homossexualismo, em uma sociedade de que exalta a infidelidade conjugal, os adventistas não podem fazer concessão de espécie alguma. Mas, dizem os liberais: “A Igreja precisa se modernizar, a Igreja precisa ser mais aberta, ser menos medieval, menos obscurantista."

Devo dizer-Ihes uma coisa: Quem é responsável por essas normas, por esses princípios que caracterizam a Igreja? Quem é responsável pelos princípios de fé que formam o adventismo? Não é o Pastor Wolff, presidente da Divisão Sul-Americana; tampouco o Pastor Gorski, presidente da União Sul-Brasileira, e muito menos o Pastor Fuckner, presidente da Associação Sul-Paranaense. O Pastor Otávio, pastor desta igreja, também não é o responsável.

Alguns dizem que essas normas obsoletas e absurdas são estruturadas, são criadas por um corpo de pastores intransigentes, confinados numa torre de marfim, incapazes de entender os tempos e as estações.

Quem é responsável por essas normas ? Todas as declarações de fé do adventismo, todo o corpo de normas e princípios defendidos pela Igreja são decisões consensuais tomadas pela Igreja como um todo, e não por um grupo de indivíduos. Cada cinco anos - os adventistas devem saber disto - a Igreja mundial se reúne com delegação representando todas as nações da Terra, onde o adventismo está presente. E, com oração, discutem, entre outras coisas, o programa da Igreja, as finanças da Igreja, os planos de ação da Igreja e o Manual da Igreja. Há dois anos passados, a Igreja se reuniu em Indianápolis e havia os liberais presentes, que queriam fazer reformas substanciais numa nova Igreja. Lembro-me de que conversei com um que havia sido meu colega de estudos e hoje é professor universitário em Universidade dos Estados Unidos. Ele promovia mudanças radicais no Manual da Igreja. Orquestrou um movimento, mas os delegados da África, delegados da Ásia, os delegados das ilhas Pacífico, os delegados da Europa, os delegados das Américas, reunidos decidiram: o Manual da Igreja permanecerá intocado. Oraram e o Espírito Santo os guiou. Não podemos nos rebelar contra os manifestos de fé, não podemos nos rebelar contra os princípios da Igreja, pois estes princípios são enviados e dirigidos pelo Espírito Santo através da sua Igreja.

Em 1956 a Igreja patrocinou um acampamento nas montanhas do norte da Itália (um acampamento de jovens) Era noite, e junto a uma fogueira os Jovens cantavam, expressando através do cântico a sua esperança. Aproximou-se daquele grupo um homem já encanecido, grisalho, que se assentou e acompanhou todo o entusiasmo daquele grupo de jovens e, finalmente, aproximando- se do dirigente (um pastor americano), disse: "Pastor, vocês, os adventistas, devem continuar a obra que nós deixamos de realizar. Nós, os valdenses, para salvar a juventude nossa, autorizamos as bebidas alcoólicas entre eles. Depois construímos salões de bailes junto às nossas igrejas só para manter os nossos jovens na igreja. E foi de concessão em concessão que perdemos nossos jovens, perdemos a nossa igreja, e hoje somos sem futuro; temos apenas um passado." E ele terminou dizendo: "Vocês, os adventistas, devem continuar. Vocês devem realizar a obra que nós deixamos de cumprir." 

Tenho aqui um livro escrito em inglês: "Por que Avançam as Igrejas Conservadoras". O autor descreve o fracasso de todas as igrejas liberais, igrejas que outrora foram conservadoras, e todas elas hoje sofrem um terrível fracasso. Com efeito, trago aqui algumas estatísticas extraídas de um outro livro: "Mantenhamos a Chama Acesa”, que diz: : " A Igreja Unida Presbiteriana nos Estados Unidos perdeu, num curto período de dois anos, mais de 400 mil membros. A Igreja Episcopal perdeu mais ou menos o mesmo número de membros. A Igreja dos Discípulos de Cristo, 450 mil membros. A Igreja Metodista, um milhão de membros. E a Igreja Católica no Brasil, perde mil membros cada dia, de acordo com a estatística apresentada pela própria Igreja Católica." 

E um teólogo metodista, descrevendo o problema da Igreja Metodista, diz o seguinte: "Quem é responsável pelo fracasso da Igreja? O êxodo que os metodistas enfrentam não deve ser atribuído às forças externas. A culpa cabe à própria Igreja." E ele acrescenta: "Se a Igreja Metodista estivesse sendo atacada por inimigos externos, se estivesse sofrendo perseguição como consequência de seu esforço por evangelizar o mundo, haveria esperança. Mas o mundo não persegue uma igreja que não parece defender mais coisa alguma. A Igreja Metodista está em declínio como resultado de seu próprio fracasso em preservar sua herança religiosa."

Eu gostaria de falar dos seminários que estão sendo vendidos, por falta de vocações ministeriais. Os templos que estão vazios (85% da população brasileira se confessa católica, mas apenas 8% vão à missa). 

Por que crescem as igrejas ortodoxas? Porque defendem princípios, eIas defendem normas, eIas defendem alguma coisa. O liberalismo entrou na Igreja, e escancarou as portas da Igreja de Deus a outros inimigos: o secularismo, o mundanismo, o conformismo, o nominalismo, o imobilismo, e uma série de outros "ismos". Vou mencionar rapidamente alguns desses "ismos" - um terrível intruso que levanta a sua arrogante cabeça dentro da Igreja, hoje: o secularismo. 

O secularismo é um esforço por organizar a vida como se Deus não existisse. A Igreja se divide hoje em dois grupos: os supernaturalistas e os secularistas. Os supernaturalistas possuem uma religião vertical; os secularistas, uma religião horizontal. Os secularistas se ocupam com as coisas deste mundo; os supernaturalistas com as coisas de Deus. A Trindade dos supematuralistas é: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. A trindade do secularista é: móveis, imóveis e automóveis. O supernaturalista vê na Igreja o centro onde Deus concentra todo o Seu amor, toda a Sua suprema atenção; o secularista vê na Igreja uma instituição obsoleta, antiquada e irrelevante. Para o secularista há sempre um espaço crescente para o mundo e um espaço menor para Deus (há mais tempo para a televisões e menos tempo para a devoção, há mais tempo para a recreação e menos tempo para a oração). 

E quais as conseqüências do secularismo? Paulo estava em uma prisão (a última prisão) em Roma, e um amigo, Demas, o abandonou. E Paulo disse: " Até Demas me abandonou, amando o presente século." 

O fim inevitável dos que se deixam arrastar por essa onda ameaçadora, o secularismo, é sombrio e terrível. 

Outro intruso que penetrou nos muros de Sião é o mundanismo. A Palavra diz: "Não ameis o mundo nem o que no mundo há." Eu reconheço a existência de um paradoxo na Bíblia, uma tensão – a Bíblia diz: “Não ameis o mundo”, mas ao mesmo tempo diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho” (um paradoxo). Nós não somos do mundo, diz a Bíblia, mas também diz: "Ide a todo o mundo". Esta tensão, este paradoxo, está presente nas páginas da Bíblia. 

Mas, o que é o mundanismo? O dicionário define o mundanismo como o gosto pelas coisas do mundo, o gosto pelos prazeres do mundo. Muitas vezes viajei de avião para Manaus, e há um espetáculo maravilhoso que chama a atenção de todo visitante que chega a Manaus, durante o dia, que é contemplar o encontro das águas, as águas do Rio Negro que se encontram com o caudaloso Amazonas. O Amazonas com suas águas barrentas, o Rio Negro com as suas águas escuras; as águas se encontram, mas se percebe que, através de quilômetros, elas não se misturam. Elas fluem para a direção leste, sem se misturarem. O encontro das águas!

Nós nos encontramos com o mundo cada dia: com os nossos fornecedores, com os nossos vizinhos, com os nossos colegas de trabalho, com os nossos colegas de estudo. Devemos amá-los porque Cristo morreu por eles também; devemos servi-los, devemos ajuda-los, mas não devemos misturar-nos com os seus programas que ofendem a Deus. 

Israel um dia pediu um rei. Não era plano de Deus que Israel tivesse um rei, mas Israel queria ser como o mundo, queria imitar o mundo e pediu um rei, e teve o seu rei. E, em pouco tempo os reis começaram a se casar comas filhas de outras casas reais, que trouxeram para Israel o mais crasso paganismo, as formas mais corruptas de idolatria, e não tardou que o rei de Israel sacrificasse seus próprios filhos, imolando-os em cultos vis aos deuses pagãos. O mundanismo leva a alma crente aos mais escuros abismos da rebelião.

Outro intruso que penetrou na Igreja: o espírito conformista – o conformismo. Em Romanos 12:2 e, o apóstolo Paulo, com linguagem veemente, diz: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso entendimento." Há, da parte de muitos entre nós, um gradual conformismo com o mundo, com a conversação do mundo, com a música do mundo, com o estilo de vida do mundo. E eu às vezes penso na mulher de Ló, que vivia em um nauseabundo ambiente, onde se cometiam os mais torpes vícios, os mais degradantes pecados do sexo. Daí surgiu a palavra sodomismo. 

Penso que a mulher de Ló era uma mulher virtuosa, que nunca se submeteu aos vícios de Sodoma, mas ela se conformou com as misérias morais que se perpetravam em Sodoma. Ela perdeu a capacidade de revelar justa indignação, de se rebelar contra toda a miséria moral de Sodoma, e quando foi levada pelo anjo para fora da cidade, o anjo pediu: "Não olhes para trás!" Mas o coração daquela mulher estava tão preso a Sodoma (uma encantadora cidade, atrativa, bela, fascinante), e ela olhou para trás. E a justiça divina desceu implacável sobre ela.

Somos concitados a não nos conformar com este mundo, mas experimentar uma transformação. A expressão grega fala dessa metamorfose - somos instados a nos metamorfosearmos no coração, uma transformação interior. 

Outro intruso que levanta a sua, cabeça arrogante dentro da Igreja: o nominalismo. Crentes nominais, que têm o nome de adventistas, que se identificam como adventistas mas não vivem as virtudes do adventismo. 

A igreja primitiva, a igreja apostólica, era conhecida pelo fervor, pela dedicação, pelo entusiasmo de seus membros. Nem a perseguição, nem a tortura, nem a prisão, nem o martírio foram suficientes para esmagar o ânimo daquela igreja. Mas, no IV século, Constantino, o Imperador, abraçou ao cristianismo sem experimentar os encantos, o gozo da conversão. E a Igreja saiu do escuro recesso das catacumbas para gozar o favor do palácio, para receber as benesses, os favores da corte imperial. E a Igreja se encheu de crentes nominais e se corrompeu, e pavimentou o caminho para a mais escura apostasia; Um espírito de intransigência tomou conta da Igreja. 

Há alguns anos, fui convidado a apresentar uma palestra a um grupo de pastores em Montevidéu, Uruguai (pastores não-adventistas), sobre "o que creem e o que professam os adventistas". Levaram-me a um lugar muito aprazível, situado a 30 quilômetros de Montevidéu. Tivemos uma reunião extraordinária, com um grupo de 40 pastores reunidos. Era um lugar de retiro de pastores, havia uma linda biblioteca, fórum, regato, árvores frutíferas, árvores ornamentais, uma relva muito bem cuidada (era um centro valdense). Quando terminei a palestra, um pastor me convidou para conhecer a Catedral Valdense. Era uma linda catedral, com uma nave bonita, o melhor e maior órgão do país. Ele mostrou-me o museu valdense, onde estão os documentos do período de perseguição da Igreja. E, ao ver aquela magnífica igreja, lindamente acarpetada, perguntei: "Pastor, quantos são os valdenses no Uruguai?" Ele baixou a cabeça e disse: "Somos 35 mil, mas a maioria é crente dos “Três Sinais, eu nunca havia ouvido esta expressão antes. Então o Pastor me explicou que são os crentes que recebem a bênção apenas no nascimento, casamento e morte. Crasso nominalismo! 

Reconheço ter apresentado um quadro muito sombrio da Igreja. Mas, em minhas reflexões finais, quero apresentar uma perspectiva mais luminosa, mais brilhante. Há uma citação, no Espírito de Profecia; que me traz muito conforto (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 380): 

"A igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá. Ela permanece, ao passo que os pecadores de Sião serão lançados no joeiramento - a palha separada do trigo precioso." 

Este movimento triunfará. O fogo jamais morrerá nos altares adventista. Mesmo que todos nós (inclusive o pregador), levados pelo secularismo (como Demas), ou levados pelo conformismo (como a mulher de Ló) abandonemos a Igreja de Deus, Ele há de suscitar um remanescente que iluminará a Terra com os fulgores da glória divina. E este movimento triunfará.

Minha pergunta agora é esta: Triunfarei também com este movimento? Triunfará você também com este movimento? Experimentando as bênçãos de um reavivamento, nós haveremos de triunfar. E esta é a mais sentida necessidade da Igreja hoje, é a minha maior necessidade agora: um reavivamento em minha vida espiritual, em minha relação com Deus, em minha relação com o Senhor Jesus. 

Em 1902, houve na Escócia um grande reavivamento. Milhares e milhares, dezenas de milhares foram sacudidos por um reavivamento que marcou a história da pregação no mundo. Certo dia, um turista norte-americano embarcou para conhecer cidade em que ocorrera o grande reavivamento. Desceu no aeroporto, foi ao hotel, e saiu para saber onde começou o reavivamento. Então perguntou a um policial de rua: "Eu soube que aqui, em 1902, ocorreu um grande reavivamento; e em 1952 ocorreu outro grande reavivamento, no mesmo lugar. Onde começou esse reavivamento, senhor policial?" E o guarda estufou o peito e disse: "Este reavivamento começou debaixo destes botões dourados, dentro deste peito; aqui neste coração começou este reavivamento! 

Necessitamos de um reavivamento, mas ele deve começar dentro deste coração, já um pouco cansado. Este reavivamento deve começar em teu coração. Então, nos prepararemos para o grande triunfo final.

"Graças Te damos, ó Deus, por Tua presença neste culto. Ao sairmos agora deste recinto, pedimos-Te que nos acompanhes com o Teu poder. Dá-nos a presença de Teus anjos e a companhia do Teu Santo Espírito, hoje e sempre, por Jesus Te pedimos. Amém!".


Oliveira, Enoch. Cavalo de Tróia dentro da igreja. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira. Revista Adventista, Julho de 1992, pp. 5-9

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Jair Gomes Silva é aluno do curso de Teologia da Faculdade Adventista da Amazônia. Tem grande interece pela área da teologia histórica. Ama fazer evangelismos e ganhar almas para Cristo.

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