"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará" - Jo 8:32

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O "Novo" na bíblia


Como entender a “nova aliança” (Mt 26:28) e o “novo mandamento” (Jo 13:34) no contexto de um Deus imutável (Ml 3:6)?

Para responder a essa pergunta tão interessante e intrigante vamos analisar os textos originais das Escrituras Sagradas e também um pouco do seu contexto.

Em grego, diferentemente do português e outros idiomas, existem várias palavras para “simplificar” a interpretação. Por exemplo: usamos a mesma palavra para representar algo recém criado ou algo restaurado em português (NOVO). Mas em grego existem duas palavras que podem ser traduzidas como novo. Néos que significa algo recém criado e kainós que transmite a ideia de uma restauração em algo já existente.
Vamos analisar o caso do novo mandamento primeiro.

Quando foi que esse mandamento foi apresentado pela primeira vez? Foi, ainda, nos tempos de Moises (Veja Lv 19:18). O mandamento original (neós) diz: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Mas Jesus deu uma nova interpretação a esse mandamento (kainós) dizendo: “ameis uns ao outros [ou amaras o teu próximo] como eu vos amei [não mais com o amor que você tem por você mesmo, mas semelhante ao amor que tenho por você]” (João 13:34, o texto entre colchetes é a explicação).
E quanto a nova aliança?

O princípio é o mesmo. Nova (kainós) aliança porque a aliança antiga exigia morte de animais e a nova exigia a morte do próprio Deus para redimir os pecados da humanidade.
Nos dois casos não houve uma “anulação” do anterior para existir um novo. E sim uma nova forma de fazer/interpretar o antigo.
Deus sempre foi imutável e sempre será. A única coisa que Ele deseja mudar é a nossa natureza pecaminosa por uma natureza santa.

Permita que o Senhor possa mudar você!
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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Plágio no Novo Testamento

É verdade que na Bíblia há citações de escritores seculares antigos? Isso não seria plágio? João Marcelo Alves Carvalho


A pergunta diz respeito à Bíblia como um todo, mas vamos respondê-la a partir do Novo Testamento, pois é ali que encontramos evidências mais concretas. Existem no Novo Testamento citações de autores seculares? Sim. E há também diversas citações de autores religiosos extrabíblicos, para não falar nas centenas de citações do Antigo Testamento.
As citações bíblicas são mais fáceis de ser identificadas – a menos que sejam indiretas ou meras alusões – e não representam maiores problemas. Em Mateus 2:6, por exemplo, encontramos uma citação de Miqueias 5:2 para demonstrar que o nascimento de Jesus em Belém foi cumprimento de uma profecia. Além da comprovação profética, há outras formas de citação (Mt 22:44 [Sl 110:1]; Jo 3:14 [Nm 21:9]; Rm 3:10-18 [várias citações]; 1Co 10:1 [Êx 14:22-29]; Hb 8:5 [Êx 25:40]; Ap 3:19 [Pv 3:12]).
E quanto às citações de outros autores? Antes de responder, é importante compreender que o Novo Testamento (ou a Bíblia como um todo) não caiu pronto do céu. O texto bíblico também não foi ditado pelo Espírito Santo. O processo da inspiração não é mecânico, como se o profeta fosse apenas um instrumento nas mãos de Deus. A inspiração é dinâmica, o que significa dizer que ela atua mais na mente do profeta, que fica então livre para escrever a mensagem em suas palavras (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 20-22). Isso pode acontecer mesmo no caso de uma revelação em que Deus comunica ao profeta por meio de sonhos e visões o conteúdo a ser escrito. Ao inspirar o profeta ou outro escritor bíblico, Deus muitas vezes permite que ele se utilize de fontes escritas ou orais para que a mensagem alcance um propósito específico. Lucas (1:1-4), por exemplo, declara haver escrito seu evangelho a partir de intensa pesquisa.
A citação de autores não bíblicos não representa um problema para a doutrina da inspiração. Em Mateus 11:29 e 30, o próprio Jesus citou um pequeno trecho de uma obra religiosa judaica não bíblica muito conhecida em seus dias: Eclesiástico, de Ben Siraque (51:23-28). Já em Mateus 5 ele citou diversas interpretações rabínicas equivocadas do Antigo Testamento, com a intenção de refutá-las (v. 31, 43).

Os autores do Novo Testamento conheciam e utilizavam o Antigo Testamento, outras obras da cultura religiosa judaica e obras de autores seculares. Isso se aplica especialmente aos que viveram e estudaram fora da Palestina. É o caso de Paulo, natural de Tarso, capital da Cilícia (At 21:39), um importante centro cultural da época. Paulo recorreu à literatura secular de seus dias no Areópago, em Atenas. No começo de seu discurso, ele fez referência a uma inscrição que tinha visto num monumento local (At 17:23) e, em seguida (v. 28), fez citações de autores clássicos: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos”, de Epimênides, de Creta (6º século a.C.); e “Porque dele também somos geração”, de Aratus, da Cilícia (3º século a.C.). O apóstolo fez essas citações não porque elas fossem inspiradas na sua origem, mas para estabelecer pontos de contato com sua audiência e, a partir dali, apresentar a verdade bíblica.
Seria isso plágio? De forma alguma. Plágio, por definição, é o uso desonesto de palavras ou ideias de outro autor com o objetivo de obter lucro ou reconhecimento. Esse não foi o caso dos escritores do Novo Testamento. Além disso, embora a prática do plágio seja antiga, sua regulamentação é recente. Portanto, mesmo que Paulo não tenha dado o devido crédito a Epimênides ou a Aratus, não devemos julgá-lo pelos critérios literários de hoje, mas pelas práticas vigentes em seus dias. Ele não fez nada que não fosse considerado normal ou aceitável. [Foto: LightStock]
WILSON PAROSCHI, doutor em Teologia, com especialização em Novo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)
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Sobre o Autor:

Jair Gomes Silva é aluno do curso de Teologia da Faculdade Adventista da Amazônia. Tem grande interece pela área da teologia histórica. Ama fazer evangelismos e ganhar almas para Cristo.