Após mais de cinco horas de apresentações e discussões, os delegados que fazem parte da Comissão Diretiva da Igreja Adventista do Sétimo Dia aprovaram neste domingo, 14, em sua reunião anual, uma recomendação da Comissão de Supervisão da Unidade da denominação de criar um novo processo de conformidade para ajudar, quando necessário, a implementar regulamentos da Igreja e votos tomados.
Com uma votação de 185 a 124, com duas abstenções, foi aprovado um documento intitulado “Respeito e Prática dos Votos da Assembleia da Associação Geral e da Comissão Diretiva da Associação Geral”. Trata-se de uma extensão do que foi votado pela Comissão Diretiva da Associação Geral em sua reunião de outubro de 2017. Esse voto referiu-se a uma proposta anterior, feita em 2017 pela mesma Comissão de Supervisão da Unidade, que passou por um estudo mais aprofundado.
O documento votado
O documento descreve o processo para lidar com questões de inconformidade dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Em resumo, o processo começa com uma manifesta inconformidade sendo relatada ao nível administrativo da Igreja mais próximo ao assunto. O documento enfatiza a necessidade do “devido processo cristão”, incluindo oração e diálogo e “uma atmosfera de apoio”. Como parte do processo, deve ser solicitado que a entidade em inconformidade forneça evidências de conformidade ou um plano para “alcançar conformidade contínua”.
Se nenhuma resolução for alcançada nos níveis administrativos mais próximos, a Comissão Administrativa da Associação Geral (Adcom) poderá encaminhar o assunto a uma das cinco comissões consultivas. Essas comissões, denominadas “comissões de conformidade”, haviam sido anteriormente endossadas pela Adcom.
Depois de estudar o assunto, a comissão de conformidade pode fazer recomendações à Adcom para medidas disciplinares. A Adcom pode, então, encaminhar as recomendações aos administradores de Divisões da Associação Geral e à Comissão Diretiva. Na sequência, o documento descreve o processo de apelação, assim como as medidas disciplinares.
Essas medidas disciplinares só podem ser votadas pela Comissão Diretiva, e podem incluir advertências oficiais e repreensão pública. No caso de persistente inconformidade, é permitida uma possível remoção, mediante o voto de dois terços do total da lista de membros da Comissão Diretiva, de acordo com os regulamentos da Constituição da Associação Geral.
Posicionamento
A sessão da tarde, dirigida por Ted N. C. Wilson, presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, teve início com uma mensagem que recordou que “a origem do documento surgiu com vocês. O documento é de vocês. Está nas suas mãos. Não é o meu documento”.
Wilson esclareceu que não haveria recomendações vindas das comissões de conformidade na reunião do Concílio Anual deste ano. Ele pediu a todos que participassem com um “espírito amável e uma atitude semelhante a de Cristo. Queremos um ambiente muito aberto. Queremos avançar com um espírito receptível e cordial. Estamos aqui para fazer a vontade de Deus”.
Michael Ryan, presidente da Comissão de Supervisão da Unidade, introduziu a história do documento e apresentou a David Trim, diretor do departamento de Arquivo, Estatística e Pesquisa; Karnik Doukmetzian, advogado geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia; e Hensley Moorooven, subsecretário da Igreja Adventista a nível mundial. Ryan recomendou a adoção do documento e Moorooven subsequentemente leu o documento em voz alta.
Setenta e um delegados e convidados se alinharam em cinco microfones para comentar sobre o documento proposto.
“Nesta tarde estamos vivenciando a Igreja no seu melhor espírito”, pontuou Mark Finley, evangelista e um vice-presidente aposentado da sede mundial adventista. “É saudável para uma igreja quando os líderes falam aberta e honestamente. O que eu vejo nesta tarde é uma igreja lutando com um problema”.
Finley sublinhou que “o documento não conduz a ou promove um poder absolutista. Na verdade, ele oferece garantias contra esse tipo de poder”. Ele afirmou o papel dos regulamentos em uma igreja unida: “Os regulamentos são acordos mútuos, mas eles governam nossas ações como líderes da Igreja. Eu oro para que possamos apoiá-los juntos”.
“Há um espírito de oração e o desejo de encontrar uma saída para toda esta discussão que mantenha a Igreja unida e fiel. Não há imposição de ideias, mas respeito e o desejo de buscar o melhor pra uma Igreja que é mundial, pensa diferente, encara as coisas de maneira diferente, se expressa de forma diferente, mas quer seguir unida em suas crenças, organização e essência, especialmente para cumprir a missão”, reforça o pastor Erton Köhler, presidente da denominação para oito países sul-americanos.
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