Escrito por Kenneth A. Strand
Resumo: Esta segunda parte do artigo demonstra a
maneira gradual com que a observância do dia de repouso bíblico foi
transferida do sétimo para o primeiro dia da semana. Por um lado, as
evidências literárias dos primeiros séculos da era cristã atestam
que, num primeiro momento, ambos os dias coexistiam lado a lado como
sagrados. Por outro, diversas legislações imperiais se
encarregaram, posteriormente, de oficializar a transição, que
alcançou seu ponto culminante na decretação de leis proibindo o
trabalho no domingo.
Introdução
Em meu artigo anterior, mostrei que durante o
terceiro até o quinto século da Era Cristã, o sábado e o domingo
eram geralmente observados lado a lado em toda a Cristandade.1
Também verificamos que no Novo Testamento o dia para os serviços de
adoração semanal tinha sido o sábado, sem absolutamente nenhuma
sugestão de que o domingo havia gozado tal posição.
Sendo assim, quando, onde e como ocorreu a
transição que fez o domingo tornar-se conhecido como um dia
especial para os cristãos?
A primeira evidência clara para a observância
semanal do domingo vem do segundo século de dois lugares: Alexandria
e Roma. Por volta de 130 d.C., Barnabé de Alexandria, em um discurso
altamente alegórico, refere-se ao sábado do sétimo dia como
representando o sétimo milênio da história terrestre. Ele
prossegue dizendo que os presentes sábados eram inaceitáveis a
Deus, que faria “um início do oitavo dia [domingo], isto é, um
início de outro mundo. Portanto, guardamos também o oitavo dia com
júbilo, que é também o dia em que Jesus ressurgiu dos mortos.”2
Cerca de 150 d.C., Justino Mártir de Roma se
refere direta e mais claramente à observância do domingo, realmente
descrevendo com brevidade em sua Apologia o serviço de adoração
realizado no domingo: “E no dia chamado domingo, todos os que moram
nas cidades ou no campo se reúnem num certo lugar, e as memórias
dos apóstolos ou os escritos dos profetas são lidos enquanto o
tempo permite; então, quando o leitor termina, o presidente instrui
verbalmente, e exorta à imitação dessas boas coisas.” Segue-se a
oração, a comunhão, e uma oferta para os pobres.3
O mesmo escritor em seu Diálogo Com o Judeu Trifo
manifesta uma inclinação anti-sabática em várias declarações,
inclusive a seguinte: “Você vê que os elementos não estão
ociosos, e não guardam nenhum sábado? Permaneça como você
nasceu.”4
Roma e Alexandria
Desse modo, Barnabé de Alexandria e Justino
Mártir de Roma não apenas se referem à prática da observância do
domingo, mas também manifestam uma atitude negativa para com o
sábado. Causa interesse que precisamente essas duas cidades,
Alexandria e Roma, sejam mencionadas pelos historiadores do quinto
século Sócrates Escolástico e Sozomen, como exceções à regra
geral de que os serviços de adoração em todo o mundo cristão eram
ainda realizados no sábado numa época tão tardia quanto o quinto
século (as declarações desses dois historiadores foram anotadas em
nosso primeiro artigo).
Que circunstâncias especiais poderiam ter levado
Roma e Alexandria à sua adoção precoce da observância do domingo?
Além disso, por que a observância do domingo foi cedo (por volta do
terceiro século) e tão prontamente aceita pelo restante da
cristandade, mesmo quando o sábado ainda não havia sido abandonado?
Obviamente, a evidência até aqui apresentada
lança por terra a teoria de que o sábado do sétimo dia foi
substituído pelo domingo imediatamente após a ressurreição de
Cristo. Mas igualmente incorreta é a opinião oposta de que o
domingo cristão foi emprestado diretamente do paganismo no início
dos tempos pós-Novo Testamento. Não apenas esta teoria carece de
prova, mas a absoluta improbabilidade de que virtualmente toda a
cristandade de súbito mudasse para uma prática puramente pagã deve
alertar-nos para a necessidade de uma explicação mais plausível.
Especialmente é isto verdade quando nos lembramos de que numerosos
cristãos primitivos aceitaram o martírio em vez de comprometer sua
fé. O próprio Justino foi um deles, sofrendo o martírio em Roma
por volta de 165 d.C.5
Festa das primícias
Num tempo como esse, teria um dia de culto
puramente pagão subitamente captado a atenção de todo o mundo
cristão sem qualquer oposição séria? Além disso, se fosse esse o
caso, como esclareceríamos o fato de que o domingo cristão, quando
surgiu, era regularmente considerado como um dia em honra à
ressurreição de Cristo, não como um sábado?
Este último ponto merece atenção especial. No
Novo Testamento, a ressurreição de Cristo está simbolicamente
relacionada com as primícias da colheita, precisamente como Sua
morte está relacionada com a imolação do cordeiro pascal (veja 1Co
15:20 e 5:7). A oferta do molho movido (amostra de cereais) das
primícias da colheita era um evento anual entre os judeus. Mas nos
tempos do Novo Testamento havia dois diferentes métodos da contagem
do dia para essa celebração.
De acordo com Levítico 23:11, o molho movido
devia ser oferecido por ocasião dos pães asmos “na manhã após o
sábado” ou “o dia imediato ao sábado”. Os fariseus
interpretavam isto como o dia após o sábado da Páscoa. Eles
matavam o cordeiro pascal em 14 de Nisã, celebravam o sábado da
Páscoa em 15 de Nisã, e ofereciam o molho movido das primícias em
16 de Nisã, independentemente dos dias da semana em que essas datas
pudessem cair. Desse modo, sua celebração era análoga ao nosso
método de contar o Natal, que cai em diferentes dias da semana em
anos diferentes.
Por outro lado, os essênios e os saduceus
boetusianos interpretavam “o dia imediato ao sábado” como o dia
após um sábado semanal (sempre um domingo). Também seu dia de
Pentecostes sempre caía em um domingo, “o dia imediato ao sétimo
sábado” desde o dia da oferta das primícias (veja Lv 23:15, 16).6
Seria natural que os cristãos continuassem a
celebração das primícias. Eles a observaram, não como um festival
judaico, mas em honra da ressurreição de Cristo. Afinal, não era
Cristo as Verdadeiras Primícias (1Co 15:20), e não era Sua
ressurreição da máxima importância (1Co 15:14, 17-19)?
Início da guarda do
domingo
Mas quando começaram os cristãos a guardar tal
festival da ressurreição? Faziam-no cada semana? Não. De
preferência, eles faziam isto anualmente, como havia sido seu
costume na celebração judaica das primícias.
Mas qual destes dois tipos de contagem eles
escolheram: a farisaica ou a essênio-boetusiana? Provavelmente
ambas. Aqueles que tinham sido influenciados pelos fariseus
realizavam sua festa da Páscoa em um diferente dia da semana cada
ano, e aqueles que tinham sido influenciados pelos boetusianos e
essênios celebravam sua festividade anual da Páscoa sempre num
domingo.
E esta é precisamente a situação que
encontramos na controvérsia da Páscoa que irrompeu por volta do
final do segundo século.7 Naquele tempo os cristãos
asiáticos (da província romana da Ásia na Ásia Menor ocidental)
celebravam os eventos da Páscoa com base em 14-15-16 de Nisã, sem
levar em consideração os dias da semana. Mas os cristãos na maior
parte do restante do mundo, incluindo Gália, Corinto, Ponto (no
Norte da Ásia Menor), Alexandria, Mesopotâmia e Palestina (mesmo em
Jerusalém), mantinham-se fiéis a uma Páscoa no domingo. Fontes
antigas indicam que ambas as práticas provinham da tradição
apostólica.8
Esta é uma opinião mais plausível do que aquela
de que o domingo da Páscoa foi uma tardia inovação romana. Afinal,
em um tempo em que as influências cristãs estavam se mudando do
Oriente para o Ocidente, como poderia uma inovação romana ter
desarraigado tão súbita e tão completamente uma arraigada prática
apostólica em praticamente todo o mundo cristão, Oriente e
Ocidente?9
Uma reconstrução da história da igreja que vê
o mais antigo domingo cristão como uma Páscoa anual em vez de uma
observância semanal faz sentido histórico. O hábito de observar o
dia de festa judaico anual das primícias poderia ser facilmente
transferido para uma celebração anual da ressurreição em honra de
Cristo, as Primícias. Mas não havia tal hábito ou ambiente
psicológico para a observância de uma celebração semanal da
ressurreição. É provável que o domingo cristão semanal
desenvolveu-se posteriormente como uma extensão do anual.
Vários fatores podem ter tido uma parte em tal
desenvolvimento. Em primeiro lugar, não somente quase todos os
cristãos primitivos observavam a Páscoa e o Pentecostes no domingo,
mas todo o período de sete semanas entre os dois feriados tinha
significado especial.10
Como tem sugerido J. van Goudoever, talvez os
domingos entre as duas festividades anuais também tivessem
importância especial.11 Assim sendo, elementos já
presentes poderiam ter ajudado a estender a observância do domingo
para uma base semanal, espalhando-se primeiro para os domingos
durante o próprio período Páscoa-a-Pentecostes e, então,
eventualmente pelo ano inteiro.12
Destarte, a celebração anual do domingo poderia
ter suprido uma fonte da qual os primeiros cristãos de Alexandria e
Roma inauguraram um domingo semanal como um substituto para o sábado.
Mas não há nenhuma razão por que esta espécie de festival semanal
da Ressurreição tivesse de suplantar o sábado. E de fato, em
qualquer outra parte da Cristandade o encontramos simplesmente
surgindo como um dia especial observado junto com o sábado.
O domingo substitui
o sábado em Roma
Mas que fator ou fatores instigaram a substituição
do sábado por um domingo semanal em Roma e Alexandria? Sem dúvida,
o mais significativo foi o crescente sentimento anti-judaico no
início do segundo século. Várias revoltas judaicas, culminando com
a de Bar Cocheba de 132 a 135 d.C., despertaram o antagonismo romano
contra os judeus a um nível tão alto, que o Imperador Adriano os
expulsou da Palestina. Seu antecessor, Trajano, também estivera
irritado com as insurreições dos judeus; e o próprio Adriano,
antes da revolta de Bar Cocheba, havia proscrito práticas judaicas
tais como circuncisão e observância do sábado.13
Especialmente em Alexandria, onde havia um forte
contingente de judeus, e na própria capital romana os cristãos eram
inclinados a se sentir em perigo de identificação com os judeus. É
provável, portanto, que especialmente nesses dois lugares que eles
procuraram um substituto para o sábado semanal a fim de evitar que
fossem associados com os judeus observadores do sábado.
Além disso, em relação a Roma (e algumas outras
partes do Ocidente), a prática de jejuar no sábado cada semana
também tendia a realçar o desenvolvimento da observância do
domingo por tornar o sábado um dia triste.14 Isto
obviamente tinha efeitos negativos sobre o sábado e poderia ter
servido como incentivo em Roma e em algumas regiões vizinhas para
substituir um sábado tão triste e faminto por uma jubilosa
festividade semanal da Ressurreição no domingo.
Indubitavelmente, outras influências também
estavam operando em Roma e Alexandria nas primeiras medidas tomadas
para substituir o sábado pelo domingo naqueles lugares. Talvez deva
ser feita concessão a alguma influência do paganismo nesta conexão,
embora a observância do domingo não entrasse na Igreja diretamente
dessa fonte no segundo século. De fato, o efeito do domingo pagão
sobre o Cristianismo foi principalmente um desenvolvimento
pós-Constantino.15
Quando o domingo semanal surgiu lado a lado com o
sábado na cristandade fora de Roma e Alexandria, talvez fosse
inevitável que eventualmente os dois dias se chocassem em muitos
lugares, como havia acontecido no segundo século naquelas cidades.
Isto de fato ocorreu, e o artigo final desta série examinará o
processo pelo qual o domingo finalmente substituiu o sábado como o
principal dia cristão de adoração em toda a cristandade.
Qual é o “dia do
Senhor”?
Precisamos agora olhar rapidamente para uma outra
linha de evidência: certas referências ao “dia do Senhor”.
Poderia o termo “dia do Senhor” em seu uso mais antigo se
referir, como tem sugerido C. W. Dugmore, a um domingo de Páscoa
anual?16
A primeira referência pós-bíblica ao domingo
semanal como “dia do Senhor” deriva de Clemente de Alexandria
perto do final do segundo século. Ele menciona “o dia do Senhor
que Platão fala profeticamente no décimo livro de A República,
nestas palavras: ‘E quando sete dias se passaram para cada um deles
no campo, no oitavo eles devem partir e chegar em quatro dias.’”17
Pouco antes disto, porém, Irineu, da Gália, fez
uma curiosa declaração falando do Pentecostes como “de igual
significado que o dia do Senhor.”18 Como têm observado
os editores do Ante-Nicene Fathers (Pais Ante-Nicenos), esta
referência deve ser à Páscoa.19 Parece claro que são
compreendidos dois eventos anuais.
Ainda mais cedo, contudo, há duas outras
referências patrísticas que frequentemente são consideradas como
declarações do “dia do Senhor”, embora nenhuma delas contenha
no texto a palavra dia:
(1) Didaquê 14:1: “No próprio [dia] do Senhor,
se reúnem”, ou, possivelmente, “Segundo o próprio (mandamento)
do Senhor, se reúnem.”
Se “[dia] do Senhor” é a tradução correta,
pode significar Páscoa, visto que o Didaquê é uma espécie de
manual batismal, e o batismo parece ter estado ligado com a Páscoa
na Igreja primitiva.20
(2) Inácio, Aos Magnésios, cap. 9: “Não mais…
[sabatizando], mas vivendo na observância do Dia do Senhor” ou,
possivelmente, “vivendo de acordo com a [vida] do Senhor”, na
qual também nossa vida brotou novamente.21
Mesmo que “dia” seja a tradução correta,
Inácio ainda não poderia estar se referindo a uma observância
semanal do domingo, porque o povo que ele descreve como “não mais
sabatizando, mas vivendo de acordo com o [dia] do Senhor” era, como
mostra o contexto, nenhum outro senão os profetas do Antigo
Testamento. Como Inácio bem sabia, os profetas do Antigo Testamento
guardavam o sábado do sétimo dia, não o domingo.
Consequentemente, a frase “não mais
sabatizando” não pode significar “não mais guardando o dia de
sábado”, mas antes sugere evitar o legalismo judaico (como deixa
claro todo o contexto). Nem pode a frase “vivendo de acordo com o
[dia] do Senhor” significar a guarda do domingo. Todo o intento é
com vistas a viver uma vida de acordo com a “vida do Senhor” (que
é, sem dúvida, a melhor tradução).22
Até mesmo o interpolador de Inácio, do terceiro
ou quarto século, reconhecia que o conflito não era entre dois dias
diferentes, porque ele aprovava a observância de ambos os dias: o
sábado de uma “maneira espiritual”, depois do qual o “dia do
Senhor” também devia ser observado.23
Um dia de jejum
É um fato curioso que as referências que tratam
do sábado e do domingo aumentaram acentuadamente no quarto século
d.C. e que muitas dessas tinham implicações de controvérsia. Em
alguns exemplos, houve uma ênfase para guardar ambos os dias (como,
por exemplo, nas Constituições Apostólicas), e Gregório de Nissa
e Astério de Amaséia puderam se referir ao sábado e domingo como
“irmãs” e como uma “parelha”, respectivamente. Estas estavam
entre as referências discutidas em nosso primeiro artigo.24
Do outro lado, porém, estavam os líderes da
Igreja que eram anti-sabáticos. Por exemplo, João Crisóstomo,
contemporâneo de Gregório e Astério, foi tão longe a ponto de
declarar: “Agora há muitos entre nós que jejuam no mesmo dia que
os judeus, e guardam os sábados da mesma maneira; e nós suportamos
isto nobremente ou antes ignóbil e desprezivelmente!”25
No artigo anterior desta série, notamos que o
jejum sabático – que fez do sábado um dia triste e faminto ajudou
a ocasionar o surgimento da observância do domingo em Roma e em
outros lugares do Ocidente. De fato, já no primeiro quartel do
terceiro século, Tertuliano de Cartago, no Norte da África,
discutia contra a prática.26 Por volta do mesmo tempo,
Hipólito em Roma discordava daqueles que observavam o jejum no
sábado.27
Contudo, no quarto e quinto séculos se
intensificou a evidência da controvérsia sobre este assunto.
Agostinho (falecido em 430 d.C.) tratou do assunto em várias de suas
cartas, inclusive uma em que ele refutou um zeloso defensor romano do
jejum sabático, que mordazmente denunciava aqueles que recusavam
jejuar no sábado.28
Como outra evidência da controvérsia, o Cânon
64 das Constituições Apostólicas especifica que “se qualquer um
do clero for encontrado jejuando no dia do Senhor, ou no dia de
sábado, excetuando-se somente um, seja ele destituído; mas se for
um dos leigos, seja ele suspenso.”29
O interpolador de Inácio, que provavelmente
escreveu por volta do mesmo tempo, até mesmo declarou que “se
alguém jejua no Dia do Senhor ou no sábado, exceto somente no
sábado pascal, ele é um assassino de Cristo.”30 No
sábado pascal, o aniversário do sábado durante o qual Cristo
esteve na tumba, os cristãos consideravam apropriado jejuar.
As duas últimas fontes conhecidas podem indicar
que a controvérsia tinha se estendido além da Cristandade
Ocidental; mas tanto quanto dizia respeito ao real costume ou prática
oficial, somente Roma e certas outras igrejas ocidentais a adotavam.
João Cassiano (morreu por volta de 430 d.C.) fala de “algumas
pessoas em alguns países do Ocidente, e especialmente na cidade
(Roma)” que jejuavam no sábado.31 E Agostinho se refere
“à Igreja Romana e algumas outras igrejas… perto ou longe dela”
onde o jejum sabático era observado.
Mas Milão, importante igreja do Norte da Itália,
estava entre as igrejas ocidentais que não observavam o jejum
sabático, como também Agostinho deixa claro.32 Nem as
igrejas orientais o adotaram. A questão permaneceu como um ponto de
divergência entre o Oriente e o Ocidente até o século onze.33
Leis dominicais
O aumento em referências sobre o sábado (a favor
e contra) indicam que alguma espécie de luta estava começando a
manifestar-se de maneira muito difundida. Não mais o centro da
controvérsia era somente Roma e Alexandria. O que poderia ter
engatilhado esta luta em tão ampla escala no quarto e quinto
séculos?
Sem dúvida, um dos fatores mais importantes deve
ser encontrado nas atividades do Imperador Constantino o Grande, no
início do quarto século, seguido por “imperadores cristãos”
posteriores. Constantino não somente concedeu ao cristianismo uma
nova condição social dentro do Império Romano (de perseguido a
honrado), mas também deu ao domingo uma “nova expressão”. Por
sua legislação civil, ele fez do domingo um dia de descanso. Diz
sua famosa lei dominical de 7 de março de 321:
Que os magistrados e o povo que reside nas cidades
descansem no venerável Dia do Sol, e que todas as oficinas sejam
fechadas. No campo, porém, que as pessoas ocupadas na agricultura
possam livre e legalmente continuar suas atividades; porque amiúde
sucede que nenhum outro dia é mais adequado para a semeadura do
cereal ou para o cultivo de vinhas; para que não seja perdido pela
negligência o momento oportuno para tais operações que é
concedido pela munificência do Céu.34
Esta foi a primeira de uma série de medidas
tomadas por Constantino e pelos “imperadores cristãos”
posteriores para regulamentar a observância do domingo. É óbvio
que essa primeira lei dominical não era de orientação
especificamente cristã (note a designação pagã “venerável Dia
do Sol”); mas é muito provável que Constantino, por razões
políticas e sociais, tentou fundir elementos pagãos e cristãos
dentre seus súditos tendo como ponto de convergência uma prática
comum.
Em 386 d.C., Teodósio I e Graciano Valentiniano
estenderam de tal modo as restrições do domingo que os litígios
deveriam cessar inteiramente nesse dia e que não haveria nenhum
pagamento de dívida pública ou privada.35 Também
seguiram-se leis proibindo o circo, o teatro, e as corridas de cavalo
e foram reiteradas sempre que se julgou necessário.36
Reação às
primeiras leis dominicais
Como reagiu a Igreja Cristã ao edito dominical de
Constantino de março de 321, e à subsequente legislação civil que
fizeram do domingo um dia de repouso? Tão desejável quanto possa
ter parecido tal legislação para os cristãos, também os colocou
num dilema. Antes dela o domingo tinha sido um dia de trabalho,
exceto para os serviços especiais de adoração. O que aconteceria,
por exemplo, às freiras tais como aquelas descritas por Jerônimo em
Belém, que, depois de seguir sua madre superiora para a igreja e,
depois, voltando de sua comunhão, no restante do seu tempo de
domingo “dedicavam-se às suas designadas tarefas, e faziam vestes
ou para si mesmas ou senão para outros”?37
Não há nenhuma evidência de que as leis
dominicais de Constantino se tornaram a base para os regulamentos
cristãos desse dia, mas é óbvio que os líderes cristãos devem
ter feito alguma coisa para evitar que o dia se tornasse de
ociosidade e vão divertimento. Ênfase adicional sobre adoração e
referência ao mandamento do sábado no Antigo Testamento parecem ter
sido as duas rotas agora seguidas. É interessante notar que nem
mesmo Constantino pretendia refletir o mandamento sabático do
Decálogo em sua lei dominical, visto que ele isentou o trabalho
agrícola, um tipo de trabalho estritamente proibido no mandamento do
sábado.
Talvez uma primeira insinuação da nova tendência
venha do tempo do próprio Constantino por meio de Eusébio,
historiador eclesiástico, que também foi biógrafo e admirador
entusiástico do imperador. Em seu comentário sobre o Salmo 92, “o
salmo do sábado”, Eusébio escreve que os cristãos cumpriam no
dia do Senhor tudo o que neste salmo foi prescrito para o sábado,
inclusive a adoração a Deus cedo de manhã. Ele, então, acrescenta
que por meio da nova aliança a celebração do sábado foi
transferida para “o primeiro dia da luz [domingo].”38
Posteriormente, no quarto século, Efraim Siro
sugeriu que a honra era devida “ao dia do Senhor, o primogênito de
todos os dias”, que havia “arrebatado do sábado o direito do
primogênito”. Então ele prossegue salientando que a lei prescreve
que o descanso deve ser dado aos servos e animais.39 É
óbvia a reflexão do mandamento do sábado do Antigo Testamento.
O sábado perde
importância
Com este tipo de ênfase do sábado agora posta
sobre o domingo, era inevitável que o próprio dia de sábado se
tornasse cada vez menos importante. E a controvérsia que é evidente
na literatura do quarto e quinto séculos entre aqueles que
rebaixavam o sábado e aqueles que o honravam reflete a luta.
Além disso, esta foi uma luta que não terminou
rapidamente; porque como temos visto, os historiadores eclesiásticos
do quinto século Sócrates Escolástico e Sozomen provêem um quadro
dos serviços de adoração no sábado ao lado dos serviços de
adoração no domingo como sendo o padrão através da Cristandade em
seus dias, exceto em Roma e Alexandria. Parece que o “sábado
cristão” como uma substituição ao antigo sábado bíblico foi
principalmente um desenvolvimento do sexto século e mais tarde.
O mais antigo concílio eclesiástico a tratar do
assunto foi um concílio regional oriental reunido em Laodicéia,
cerca de 364 d.C. Embora esse concílio ainda manifestasse respeito
pelo sábado, bem como pelo domingo, nas lições especiais (leituras
das Escrituras) designadas para aqueles dois dias, ele não obstante
estipulava o seguinte em seu Cânon 29: “Os cristãos não
judaizarão nem ficarão ociosos no sábado, mas trabalharão nesse
dia; porém o dia do Senhor eles honrarão especialmente, e, sendo
cristãos, se possível, não farão nenhum trabalho nesse dia. Se,
porém, forem encontrados judaizando, serão separados de Cristo.”40
O regulamento quanto ao trabalho no domingo era um
tanto moderado: os cristãos não deveriam trabalhar nesse dia se
possível! Entretanto, mais importante era o fato de que esse
concílio reverteu o mandamento original de Deus e a prática dos
mais antigos cristãos no tocante ao sábado do sétimo dia.
Deus dissera: “Lembra-te do dia de sábado, para
o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra; mas o
sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; nele não farás nenhuma
obra” (Êx 20:8-10, RSV). Esse concílio disse, ao contrário: “Os
cristãos não judaizarão nem ficarão ociosos no sábado, mas
trabalharão nesse dia.”
Proibido o trabalho
no domingo
O Terceiro Sínodo de Orleans em 538 d.C., embora
deplorando o sabatarianismo judaico, proibiu os “trabalhos no
campo” para que “o povo pudesse ir à igreja e adorar.”41
Meio século depois, o Segundo Sínodo de Macon, em 585 d.C.,e o
Concílio de Narbona, em 587 d.C., estipularam estrita observância
do domingo.42 As ordenanças do primeiro “foram
publicadas pelo rei Guntram em um decreto de 10 de novembro de 585,
no qual ele impunha cuidadosa observância do domingo.”43
Finalmente, durante a Era Carolíngia foi posta
uma grande ênfase sobre a observância do dia do Senhor de acordo
com o mandamento do sábado. Walter W. Ryde, em seu Paganism to
Christianity in the Roman Empire, sintetizou muito bem vários
séculos da história do sábado e domingo até Carlos Magno:
Os imperadores depois de Constantino tornaram a
observância do domingo mais rigorosa, mas de modo algum era sua
legislação baseada no Antigo Testamento… No Terceiro Sínodo de
Aureliani (Orleans), em 538 d.C., o trabalho rural foi proibido,
enquanto a restrição contra o preparo de refeições e obra similar
no domingo foi considerada como uma superstição.
Depois da morte de Justiniano em 565 d.C., várias
epistolae decretales (cartas decretais) foram postas em circulação
pelos papas acerca do domingo. Uma de Gregório I (590-604) proibia
os homens de “jungir os bois ou fazer qualquer outro trabalho,
exceto por motivos aprovados”, ao passo que outra de Gregório II
(715-731) dizia: “Decretamos que todos os domingos sejam observados
de vésperas a vésperas e que se abstenha de toda obra ilícita…
Carlos Magno em Aquisgrana (Aachen), em 788,
decretou que todo trabalho comum fosse proibido no Dia do Senhor,
sendo que isto era contra o Quarto Mandamento, principalmente o
trabalho no campo ou nas vinhas que Constantino tinha isentado.44
O sábado nunca foi
esquecido
E assim o domingo veio a ser o dia de repouso
substituto do sábado. Mas é claro que o sábado do sétimo dia
jamais foi inteiramente esquecido. Isto foi verdade na própria
Europa, mas particularmente na Etiópia, onde, por exemplo, grupos
guardavam o sábado e o domingo como “dias de descanso”, não
somente nos primeiros séculos cristãos mas até os tempos
modernos.45
Contudo, para uma grande parte da Cristandade, a
história do sábado e domingo tinha, por volta do sexto ao oitavo
século, tomado um círculo completo. Para a maioria dos cristãos, o
dia de descanso de Deus do Antigo e do Novo Testamento tinha, por
meio de um processo gradual, se tornado um dia de trabalho, sendo
suplantado por um dia de descanso substituto. O mandamento de Deus de
que no sétimo dia “não farás nenhuma obra” havia sido
substituído pelo mandamento do homem: “Trabalhe no sétimo dia;
descanse no primeiro”.
Entretanto, todos os cristãos que consideram o
Novo Testamento como o guia normativo para suas vidas, em vez das
decisões de homens centenas de anos mais tarde, indagarão se o dia
de repouso de Cristo e os apóstolos (o sábado, o sétimo dia da
semana) não deveria ainda hoje ser observado. Cremos que sim.
Citações
significativas sobre o sábado de Deus
O sábado… é mais do que um armistício, mais
do que um interlúdio; é uma profunda, consciente harmonia do homem
e do mundo, uma simpatia por todas as coisas e uma participação no
espírito que une o que está embaixo e o que está em cima. Tudo o
que é divino no mundo é posto em união com Deus. Isto é o sábado,
e a verdadeira felicidade do Universo. – Abraham Heschel.-
O sábado é uma lembrança de dois mundos: este
mundo e o mundo do porvir; é um exemplo de ambos os mundos. Pois o
sábado é alegria, santidade, e repouso; alegria é parte deste
mundo; santidade e repouso são algo do mundo vindouro. – Al
Nakawa.
Como devemos ponderar a diferença entre o sábado
e os outros dias da semana? Quando chega um dia de quarta-feira, as
horas são monótonas, e a menos que lhes emprestemos significado,
elas permanecem sem qualidade. As horas do sétimo dia são
significativas em si mesmas; seu significado e beleza não dependem
de nenhuma obra, lucro ou progresso que possamos atingir. Elas têm a
beleza da magnificência. – A. J. Heschel.
Escreveu aquele grande pregador G. Campbell
Morgan, na página 50 do seu livro, The Ten Commandments:
Muito tem sido questionada a atitude de Cristo em
palavras e ações com respeito ao sábado. Alguns têm imaginado que
por palavras Ele exprimiu e por ações praticadas Ele afrouxou a
consistente natureza do velho mandamento. Esta opinião, contudo,
visa a compreender mal e interpretar equivocadamente os feitos e
ensinos de Jesus.
Referências
1 Artigo
traduzido do original em inglês por Amim A. Rodor, Th.D., diretor do
Salt, no UNASP, Campus Engenheiro Coelho, SP
2 Espistle
of Barnabas, cap. 15 (Ante-Nicene Fathers [ANF], 1:146, 147).
3 Apologia,
cap. 67 (ANF, 1:186).
4 Diálogo,
cap. 33 (ANF, 1: 206). Várias outras declarações no Diálogo
revelam um sentimento semelhante.
5 A
interrogação de Justino e seus companheiros é vividamente descrita
em um documento que aparece em ANF, 1:305, 306. Compare os
comentários sobre Justino por C. Mervyn Maxwell, “They Loved
Jesus”, The Ministry, janeiro de 1977: 9.
6 J. van
Goudoever, Biblical Calendars, 2ª ed. rev. (Leiden, 1961), 19, 20,
23, 25, 26, 29. Os boetusianos e essênios realmente escolhiam os
domingos uma semana à parte por causa de uma diferença em sua
compreensão sobre se o sábado de Levítico 23:11 era o sábado
durante ou o sábado depois da Festa dos Pães Asmos. Além disso,
eles usavam um calendário solar em contraste com o calendário lunar
dos fariseus.
7 Eusébio,
História Eclesiástica, v. 23-25, provê os detalhes.
8 Ibid., v.
23.1 e v. 24.2, 3; também Sozomen, História Eclesiástica, vii. 19.
9 O fato de
que Vítor de Roma não pôde com sucesso excomungar os cristãos
asiáticos (veja Eusébio, v. 24.9-17) provê outra comprovação
deste ponto de vista. Se Roma pôde mais cedo ter influenciado quase
todo o mundo cristão, Oriente e Ocidente, a renunciar a uma prática
apostólica em favor de uma inovação romana, por que ela era agora
incapaz de eliminar os últimos vestígios que restavam dessa
prática? A única explicação razoável de todos os fatos parece
ser que o domingo pascal não foi uma tardia inovação romana, mas
que ele e o quartodecimanismo (observância de 14 de Nisã) eram
provenientes dos tempos apostólicos. Para outros detalhes, veja
minha “John as Quartodecimanism: A Reappraisal,” Journal of
Biblical Literature, 84 (1965), 251-258.
10 Além
da citação na nota de rodapé 19, abaixo, veja Tertuliano, A
Capela, cap. 3, e Sobre o Jejum, cap. 14, (ANF, 3:94 e 4:112); e veja
também a referência de Irineu mencionada na nota de rodapé 17.
11 Van
Goudoever, p. 167.
12 Philip
Carrington, The Primitive Christian Calendar (Cambridge, Inglaterra,
1952), 38, tem feito esta sugestão: sendo que as colheitas
dificilmente poderiam ter amadurecido em toda parte nos dois domingos
especialmente separados (dia das primícias da cevada e dia de
Pentecostes), não se poderia ter inferido que qualquer domingo
dentro dos cinqüenta dias era um dia adequado para a oferta das
primícias? Para uma excelente discussão de todo o assunto da Páscoa
em relação ao domingo semanal, veja Lawrence T. Geraty, “The
Pascha and the Origin of Sunday Observance,” Andrews University
Seminary Studies (daqui em diante citada como AUSS) III (1965),
85-96.
13 Veja
Dio Cássio, História Romana, lxviii.32 e lxix.12-14; e Eusébio,
História Eclesiástica, iv.2.6.
14 Para
detalhes acerca do jejum no sábado, veja meu artigo “Some Notes on
the Sabbath Fast in Early Christianity,”AUSS III (1965), 167-174.
15 Arthur
Weigall, The Paganism in Our Christianity (Nova York, 1928), 145,
talvez seja demasiado severo em dizer que “a Igreja fez do domingo
um dia sagrado, parcialmente porque este era o dia da ressurreição,
mas em grande parte porque era o festival semanal do sol.” Contudo,
depois da adoção nominal do cristianismo no quarto século como a
religião do Império Romano, houve indiscutivelmente um aumento de
influência pagã sobre o cristianismo.
16 “Lord’s
Day and Easter” in Oscar Cullmann Festschrift volume
Neotestamentica et Patristica, Supplements to Novum Testamentum,
(Leiden, 1962), 6:272-281.
17
Miscellanies, v. 14 (ANF, Vol. 2, p. 2, 469).
18
Fragments from the Lost Writings of Irenaeus, 7 (ANF, 1:569, 570).
Geraty, na página 89, falou disto como “uma das mais fortes
indicações de que o ‘Dia do Senhor’ pode ter originalmente se
referido a um dia de ressurreição anual.”
20
Tertuliano, Sobre o Batismo, cap. 19 (ANF, 3: 678), diz: “A Páscoa
propicia um dia mais do que usualmente solene para o batismo . . .
Depois disto, o Pentecostes é um espaço mais jubiloso para conferir
batismos; no qual também a ressurreição do Senhor foi
repetidamente provada entre os discípulos.” Que o Didaquê é uma
espécie de manual batismal tem sido geralmente reconhecido.
21 Compare
ANF, 1: 62, e veja nota de rodapé 21 para fontes que dão informação
sobre melhores traduções.
22 Veja
Robert A. Kraft, “Some Notes on Sabbath Observance in Early
Christianity,” AUSS III (1965), 28; Fritz Guy “The Lord’s Day
in the Letter of Ignatius to the Magnesianas,” AUSS II (1964), 13,
14; Richard B. Lewis, “Ignatius and the ‘Lord’s Day’”,
AUSS VI (1968), 46-59.
23 O texto
da versão ampliada de Inácio é encontrado em ANF, 1: 62, 63.
Talvez seja de interesse notar que Plínio, governador da Bitínia,
cerca de 112 d.C. escreveu a Trajano, Imperador romano, concernente
aos cristãos da província de Plínio. Ao interrogar alguns dos
ex-cristãos que sob pressão haviam renunciado ao cristianismo, ele
soube deles que a extensão de sua “culpa” tinha sido ter um
serviço religioso cedo de manhã antes do nascer do sol em um dia
“determinado” ou “fixo” (stato die). Embora muitos eruditos
tenham simplesmente admitido que esse era um domingo semanal, os
detalhes dados por Plínio apontam mais na direção de um domingo de
Páscoa, como Geraty, 88-89, tem salientado.
24 Veja
These Times, novembro de 1978.
25 Comment
on Galatians 1:7 in Commentary on Galatians (The Nicene and
Post-Nicene Fathers [NPNF], 1ª série, 13:8).
26 In On
Fasting, cap. 14 (The Ante-Nicene Fathers [ANF], 4:112). Tertuliano
indica que o sábado é “um dia que nunca deve ser guardado como um
jejum exceto na época da páscoa, de acordo com um motivo dado
alhures”. Ele também indica sua oposição ao jejum sabático em
Contra Márcion, iv. 12 (ANF, 3:363).
27
Hipólito menciona alguns que “davam ouvidos a espíritos de
demônios” e “freqüentemente indicavam um jejum no sábado e no
dia do Senhor, que Cristo, porém, nunca havia indicado” (de seu
Comentário sobre Daniel, iv. 20; o texto grego e a tradução
francesa são dadas por Maurice Lefèvre [Paris, 1947], 300-303).
28 Veja
Epístolas de Agostinho 36 (a Casulano), 54 (a Januário), e 82 (a
Jerônimo) (NPNF, 1ª série, 1:265-270, 300, 301, 353, 354). Elas
são datas entre 396 e 405 d.C. É a Epístola 36 que refuta o
defensor romano do jejum sabático.
29 Trad.
inglesa in ANF, 7:504. Esse cânon é o de número 66 na edição
Hefele (veja nota 17, acima).
30
Pseudo-Inácio, Aos Filipenses, cap. 13 (ANF, Vol. 1, p. 119).
31
Institutes, iii. 10 (NPNF, 2ª série, Vol. 11, p. 218).
32 A
primeira declaração aparece na Epístola 36, par. 27 (NPNF, 1ª
série, 1:268), e uma observação semelhante é feita na Epístola
82, par. 14 (ibid., 353). Referências a Milão são encontradas na
Epístola 36, par. 32, e na Epístola 54, par. 3 (ibid., pp. 270,
300, 301).
33 Veja R.
L. Odom, “The Sabbath in the Great Schism of AD 1054,” AUSS,
(1963), 1:77, 78.
34 Codex
Justinianus, iii., Tit. 12.3, trad. in Philip Schaff, History of the
Christian Church, 5a ed. (New York, 1902), 3:380, nota 1.
35 Código
Teodosiano, 11.7.13, trad. por Clyde Pharr (Princeton, N. J., 1952),
300.
36 As leis
adicionais incluem uma lei de Teodósio II de 425, in Código
Teodosiano, 15.5.5, 433.
37 Veja
Jerônimo, Epístola cviii., 20 (NPNF, 2ª série, 6:206).
38 Migne,
Patrologia Graeca, Vol. 23, col. 1169.
39 S.
Ephraem Syri hymni et sermones, ed. por T. J. Lamy (1882), 1:542-544.
40 Charles
H. Hefele, A History of the Councils of the Church, trad. Henry N.
Oxenham (Edinburgh, 1896), 2:306. Cânon 16 (ibid., 310) se refere às
lições; e o fato de que o sábado bem como o domingo tinham
especial consideração durante a Quaresma, conforme indicado nos
Cânones 49 e 51 (ibid., 320), também revela que a consideração
pelo sábado não estava inteiramente faltando.
44 W. W.
Hyde, Paganism to Christianity in the Roman Empire (Filadélfia,
1946, 261).
45 Para
uma breve discussão do primeiro período, veja meu artigo “A
Further Note on the Sabbath in Coptic Sources,” AUSS (1968),
6:150-157. Para a referência mencionando o sábado e o domingo como
sendo “chamados sábados”, veja página 151. A fonte é Statute
66 in G. Horner, The Statutes of the Apostles (Londres, 1904 e 1915),
211, 212. Várias fontes tratam do sábado na história etíope
posterior.