Escrito por: Kenneth A. Strand
Resumo: Esta primeira parte do artigo trata das
evidências bíblicas e históricas que corroboram a afirmação de
que o sábado foi o dia de culto e descanso para os cristãos dos
primeiros séculos. Estas mesmas evidências também enfraquecem
qualquer tentativa de se colocar o domingo como dia de culto
observado pelos apóstolos de Cristo após Sua ressurreição.
Introdução
A questão de como o domingo, o primeiro dia,
substituiu o sábado, o sétimo dia da semana, como o principal dia
do culto cristão, tem recebido crescente atenção em anos recentes.
Um estudo amplamente aclamado, por exemplo, sugere
que domingo cristão semanal, emergiu das celebrações da ceia, nas
noites de sábado, imediatamente após a ressurreição, com o
domingo sendo um dia de trabalho até depois do tempo de Constantino,
o Grande, no início do quarto século.2 Eventualmente,
contudo, o domingo deixou de ser um dia de trabalho e tornou-se um
“sábado” [dia de repouso] cristão.3
Algumas teorias mais simples e mais populares
defendem que: (1) o domingo substituiu o sétimo dia da semana, o
sábado, imediatamente após a ressurreição de Cristo; ou (2) a
guarda do domingo foi importada diretamente do paganismo, durante o
segundo século ou posteriormente.
Mas estariam estas compreensões corretas? O que
as fontes de materiais relacionados com a questão nos dizem?
Ambos os dias observados
Uma coisa é clara: o domingo cristão semanal –
não importa quando ele tenha surgido – não tornou-se
inicialmente, em geral, um substituto para o sábado bíblico, o
sétimo dia da semana; pois ambos, tanto o sábado quanto o domingo
foram amplamente mantidos, lado a lado, por vários séculos da
história cristã primitiva. Sócrates Scholasticus, um historiador
eclesiástico do quinto século d.C., escreveu: “Embora quase todas
as igrejas através do mundo celebrem os mistérios sagrados [a ceia
do Senhor], no sábado de cada semana, os cristãos de Alexandria e
Roma, contudo, em função de uma antiga tradição, cessaram de
fazer isto.”4 Por sua vez, Sozomen, um contemporâneo de
Sócrates, escreveu: “O povo de Constantinopla, em quase todos os
lugares, reúnem-se juntos no sábado, bem como no primeiro dia da
semana, costume nunca observado em Roma ou em Alexandria.”5
Assim, “em quase todos os lugares”, através
da cristandade, exceto em Roma e Alexandria, havia serviços de culto
cristão, tanto no sábado quanto no domingo, no final do quinto
século. Um número de outras fontes do terceiro ao quinto séculos
também descreve a observância cristã de ambos, sábado e domingo.
Por exemplo, a Constituição Apostólica,
compilada no quarto século, fornece instrução para “guardar o
festival do sábado [sétimo dia] e do dia do Senhor [domingo];
porque o primeiro é o memorial da criação e o último da
ressurreição. Deixe-se que os escravos trabalhem cinco dias; mas no
dia do sábado [sétimo dia] e no dia do Senhor [domingo], que eles
tenham folga para irem à igreja para instrução em piedade”.6
Ao redor do mesmo tempo um escritor anônimo,
conhecido como um interpolador de Ignácio, advertiu: “Que cada um
de vós guarde o sábado de acordo com a maneira espiritual,
regozijando-se na meditação da lei. […] E após a observância do
sábado, que cada amigo de Cristo guarde o dia do Senhor como um
festival, o dia da ressurreição, a rainha e o mais importante de
todos os dias.”7 E no quinto século, João Cassiano,
refere-se à frequência à igreja em ambos, sábado e domingo,
declarando que ele mesmo tinha visto um certo monge, que, algumas
vezes, jejuava cinco dias por semana, mas que ia à igreja no sábado
ou no domingo e trazia hóspedes para casa para uma refeição
naqueles dois dias.8
Gregório de Nissa, no final do quarto século
refere-se ao sábado e ao domingo como “irmãos”.9 E
por volta do ano 400 d.C., Astério de Amasea declarou que era
maravilhoso para os cristãos que “estes dois dias viessem juntos,
em dupla” – “o sábado e o dia do Senhor”,10 os
quais, a cada semana, reúnem juntos, o povo com os sacerdotes como
seus instrutores.
É claro que nenhum destes escritores primitivos
confundiu o domingo com o sábado bíblico. O domingo, o primeiro dia
da semana, sempre seguiu o sábado, o sétimo dia. Além disto, os
registros históricos são claros em demonstrar que o ciclo semanal
permaneceu inalterado desde o tempo de Cristo até agora, assim que o
sábado e o domingo destes primeiros séculos são ainda o sábado e
o domingo de hoje.
Posteriormente trataremos com informações vindas
da igreja primitiva do segundo século e dos séculos subsequentes,
para traçar a forma pela qual o domingo, eventualmente, chegou a
obscurecer o sábado. Mas primeiro é importante, aqui, analisar as
evidências do Novo Testamento, considerando que o Novo Testamento é
normativo para a prática cristã.
Como Cristo e os apóstolo consideraram o sábado
e o domingo?
O sábado no Novo Testamento
De acordo com Lc 4:16, era “costume” de Cristo
frequentar a sinagoga no dia do sábado. Além disto, por ocasião da
morte de Cristo e do Seu sepultamento, as mulheres que O haviam
seguido da Galiléia “repousaram no sábado, conforme o mandamento”
(Lc 23:56), indicando que não houvera dEle qualquer instrução em
contrário. Seus discípulos ainda observavam o sétimo dia da
semana!
Podemos, adicionalmente, observar que a implicação
deste texto é que, quando Lucas escreveu este registro, várias
décadas depois da crucifixão de Cristo, ele assumiu que nenhuma
mudança na observância do sábado havia ocorrido. Ele informa esta
observância como “conforme o mandamento”, de uma maneira
totalmente factual, sem qualquer indicação de que um novo dia de
culto houvesse sido acrescentado neste ínterim.
Por outro lado devemos também reconhecer,
naturalmente, que Cristo foi acusado pelos escribas e fariseus, de
transgredir o sábado. Podemos tomar, por exemplo, o incidente quando
os discípulos de Cristo colheram espigas, enquanto caminhavam por um
campo de cereais, as debulharam com as mãos e as comeram (Mt
12:1-8). Podemos observar ainda que em várias instâncias das obras
de cura de Cristo, estas estiveram em conflito com a noção dos
líderes judaicos quanto à observância do sábado. Talvez, o
incidente mais notório seja a cura do homem com a mão ressequida
(Mt 12:10-13). Qual o significado destas experiências?
Para entender a situação devemos reconhecer que
a observância do sábado no judaísmo nos dias de Cristo, não
significava simplesmente seguir os ensinos das Escrituras, mas também
a aderência à estrita regulamentação da tradição judaica oral.
O Mishnah, que contém uma multidão de regulamentos da assim chamada
lei oral, foi escrito por volta do ano 200 d.C. e oferece uma ideia
de como o sábado era observado entre os escribas e fariseus. No
Mishnah, sobre o sábado, encontramos tanto leis maiores quanto leis
menores.
Regulamentação adicional quanto a guarda do sábado
As trinta e nove leis maiores relacionadas no
tratado (ou seção) do Mishnah, intitulado “Sábado” são
apresentadas da seguinte forma: “Os tipos principais de trabalho
são quarenta menos um: semear, arar, colher, amarrar em molhos,
raspar, debulhar, joeirar, limpar colheitas, moer, peneirar, amassar,
cozer, tosquiar o algodão, lavar, bater ou tingir, enrolar, tecer,
fazer dois laços, tecer duas cordas, separar duas linhas, atar (em
um nó), soltar (um nó), costurar dois pontos, caçar uma corça,
abater, pendurar ou salgá-la, curtir sua pele, raspar ou cortar,
escrever duas letras, apagar para escrever duas letras, construir,
arrastar, apagar fogo, acender fogo, martelar, ou levar qualquer
coisa de um lugar para outro. Estes são os principais tipos de
trabalhos: quarenta menos um”.11
Estas trinta e nove leis tinham muitas variações
e ramificações. Faria diferença, por exemplo, se duas letras do
alfabeto fossem escritas de tal forma que elas pudessem, ambas, serem
lidas ao mesmo tempo. Se uma pessoa escrevesse uma letra em um dos
lados de uma parede e a outra numa quina transversal da parede, de
maneira que ambas as letras fossem escritas na parede e pudessem ser
vistas ao mesmo tempo, a pessoa teria transgredido o sábado.12
Um objeto poderia ser carregado no sábado, mas se
de maneira diferente da usual; alimento poderia ser levado para fora
da casa em dois atos (até a soleira, e então o resto da jornada),
ou por duas pessoas, porque então não seria trabalho de um ponto de
vista técnico, em sentido proposital; mas carregar qualquer coisa de
uma casa de maneira normal, no sábado, seria violar a lei maior do
sábado que proibia “levar qualquer coisa de um lugar para
outro”.13
Se água devesse ser retirada de um poço, com um
vaso, uma pedra [amarrada] como peso no vaso seria considerada parte
dele, se ela não caísse ou se desprendesse. Contudo, se isto
acontecesse, seria considerado como um objeto sendo levantando e,
portanto, a pessoa em tal experiência seria culpada de transgredir o
sábado.14 Objetos poderiam ser levados no sábado, mas
havia regras relacionadas com a distância permissível e quanto a se
o objeto saía de uma área privada para uma área pública, por
exemplo.15
O que foi mencionado são apenas algumas das
regras específicas relacionadas no tratado “Sábado”. E em
adição às leis mencionadas nesse tratado, o Mishnah contém outras
regulamentações sobre o sábado, o número maior delas trata com a
jornada permitida num dia de sábado. Estas são discutidas no
trabalho “Erubin”.
No contexto deste tipo de casuística relacionada
com a observância do sábado, é obvio por que os discípulos de
Cristo foram acusados de transgressão do sábado, pelo ato de colher
e debulhar as espigas de grãos. Uma das trinta e nove principais
leis do sábado era “colher”; a outra “debulhar”. Assim os
discípulos de Cristo, tanto colheram quanto debulharam – violando
duas das leis maiores quanto à observância do sábado.
Se eles assopraram a palha, então, possivelmente,
poderiam ter sido considerados envolvidos no ato de “joeirar” –
e neste caso teriam violado três diferentes leis maiores do Sábado.
Tais “violações do sábado”, deve-se enfatizar, não eram
contrárias aos mandamentos de Deus, dados nas Escrituras, mas pura e
exclusivamente contrárias às restrições judaicas.
Com relação à cura de enfermidades e ao cuidado
do sofrimento no sábado, as leis rabínicas faziam certas exceções,
tal como a que permitia que um animal fosse levantado de um poço.16
Contudo, havia alguns judeus no tempo de Cristo que eram mais
estritos do que os requerimentos rabínicos e nem mesmo permitiriam
que um animal recém-nascido fosse resgatado no dia do sábado, se
acontecesse de cair e um buraco. Eles também não permitiam que amas
carregassem bebês no sábado.17
Considerando os vários milagres de Cristo
realizados no sábado, com o propósito de aliviar o sofrimento, é
interessante observar que Cristo nunca aceitou a crítica dos
fariseus de que Ele estivesse transgredindo o sábado. De fato, em
conexão com o caso do homem da mão ressequida, Ele levanta a
questão: “Qual de vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, no
sábado, ela cair numa cova, não vai apanhá-la e tirá-la de lá?
Quanto mais vale um homem do que uma ovelha? Logo é lícito fazer
bem os sábados” (Mt 12:11, 12).
Depois disto, Ele realizou a cura do homem. Assim,
Cristo enfatizou a legalidade deste tipo de ação no sábado.
Se alguém lê os detalhes de todas as atividades
de Cristo, no sábado, fica claro que (1) Ele frequentava os serviços
de culto; (2) Ele realizou obras de misericórdia, as quais Ele, como
Senhor do sábado (Mt 12:8; Mr 2:28), declarou estarem em harmonia
com a intenção do sábado; (3) Ele nunca declarou ter abolido o
sábado como um dia de repouso e culto para os Seus seguidores.
Realmente, com respeito a tal ponto, Seus seguidores, como já
observado, repousaram no dia do sábado, de acordo com o mandamento,
quando Cristo esteve na sepultura.
E os apóstolos?
O que podemos dizer acerca da prática apostólica
depois da ressurreição de Cristo? O livro de Atos revela que o
único dia no qual os apóstolos estiveram envolvidos em serviços de
culto, em base semanal foi o sábado, o sétimo dia. O apóstolo
Paulo, e seu grupo, quando visitando Antioquia da Pisídia, “entrando
na sinagoga, num dia de sábado, assentaram-se” (At 13:14). Depois
da leitura das Escrituras, eles foram convidados a falar.
Permanecendo em Antioquia por mais uma semana, “no sábado seguinte
reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus” (verso
44).
Em Filipos Paulo e sua equipe saíram da cidade
para a margem de um rio, no dia de sábado, onde buscavam um lugar
para oração (Atos 16:13). Em Tessalônica, “como tinha por
costume”, Paulo foi à sinagoga e “por três sábados discutiu
com eles [os judeus] sobre as Escrituras” (At 17:2). E, em Corinto,
onde Paulo permaneceu por um ano e meio, “todos os sábados ele
discutia na sinagoga, e convencia a judeus e a gregos” (At 18:4;
compare com o verso 11).
Assim, as evidências do livro de Atos são
múltiplas, concernente à frequência apostólica aos serviços de
culto nos sábados.
O domingo, como dia de culto?
Por outro lado, o único caso em todo o livro de
Atos onde ocorre o registro de uma reunião num domingo é At
20:7-11. Este foi um serviço noturno, provavelmente na noite do
sábado (sendo mesmo traduzido, em algumas versões, como a New
English Bible, como “sábado à noite”). Esta foi, obviamente,
uma reunião especial que continuou por toda a noite, uma vez que
Paulo planejava viajar (como de fato viajou) no dia seguinte).
Mas, encontramos algum outro texto no Novo
Testamento, indicando que houvesse, neste período, serviço regular
de culto no domingo? Nem uma única referência!
É verdade, naturalmente, que em uma ou duas
ocasiões, Cristo Se encontrou com os discípulos numa noite de
domingo. Ele veio a eles na mesma noite da Sua ressurreição; mas
eles não estavam reunidos para celebrar a ressurreição, pois nem
mesmo reconheciam que esta havia ocorrido (Jo 20:19-25; Mr 16:14). E
oito dias depois, Ele, outra vez, Se encontrou como eles (Jo
20:26-29).
Antes de Sua ascensão Jesus também apareceu aos
discípulos em um número de ocasiões, e o registro de um ou dois
encontros em domingos específicos, não dá nenhuma indicação que
um novo dia de culto tivesse sido instituído. De fato, em nenhuma
vez no registro dos evangelhos, ou em qualquer outro lugar no Novo
Testamento, encontramos qualquer declaração de que os encontros de
Cristo com os Seus discípulos tivessem estabelecido um precedente
para o serviço de culto aos domingos, entre os cristãos. O sábado
continuou sendo, como temos visto, o dia regular quando os apóstolos
frequentavam aos serviços de culto.
Dois outros textos que alguns mencionam como
evidências para o serviço de culto aos domingos nos tempos do Novo
Testamento são 1Co 16:2 e Ap 1:10. Mas nota-se imediatamente que
nenhum destes textos nem mesmo mencionam um serviço de culto.
Em 1Co 16:2, lê-se: “No primeiro dia da semana,
cada um de vós, ponha de parte, o que puder ajuntar, conforme a sua
prosperidade, para que se não façam coletas quando eu chegar.” A
expressão “ponha de parte” não significa mais do que um plano
individualizado de economia. Outras versões traduzem o grego mais
claramente neste ponto, indicando que o dinheiro deveria ser colocado
à parte, em casa (veja, por exemplo, em português, a versão João
Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada).
É interessante acrescentar aqui que o pai da
igreja João Crisóstomo (falecido em 407 d.C.), comentando este
verso diz: “Ele [Paulo] não disse ‘que traga para a Igreja’, a
menos que se sinta envergonhado, por causa da insignificância da
soma, mas ‘tendo, por adições graduais aumentado sua
contribuição, que, então, será apresentada, quando eu vier’;
mas no presente, ‘coloque a parte’, ele disse, ‘em casa, e faça
de sua casa a igreja; sua pequena caixa, um tesouro…”18
Crisostomo, ele próprio, um observador do domingo, curiosamente, não
parece pensar que 1Co 16:2, fosse uma evidência para o serviço de
culto no domingo.
O dia do Senhor
Com relação a Ap 1:10, João simplesmente afirma
que ele “estava em Espírito no dia do Senhor”. Embora seja
verdade que eventualmente a expressão “dia do Senhor” veio a ser
usada para o domingo, não existe nenhuma evidência indicando que
este fosse o caso até cerca de um século depois do livro do
Apocalipse ter sido escrito!19 De fato, como veremos
adiante, existe a probabilidade de que o termo foi aplicado,
primeiro, ao domingo da páscoa, antes de ser aplicado ao domingo
semanal.
Mas a província romana da Ásia, à qual o livro
do Apocalipse se aplica, não tinha nenhuma tradição do domingo da
páscoa, quer no tempo em que o Apocalipse foi escrito ou mesmo um
século mais tarde.20 Assim, o “dia do Senhor”, em Ap
1:10 não poderia se referir a um domingo da páscoa.
Mais significante ainda, é que não existe
evidência anterior ou contemporânea de que o domingo tivesse
alcançado nos tempos do Novo Testamento, uma posição na qual
pudesse ser chamado “dia do Senhor”. Outro dia – o sábado,
sétimo dia – tinha, naturalmente, sido o santo dia do Senhor,
desde a antiguidade (veja Is 58:13) e fora o dia no qual o próprio
Cristo e Seus seguidores, inclusive o apóstolo Paulo, tinham
frequentado os serviços religiosos, como já vimos.
Nesta conexão, a afirmação do apócrifo “Atos
de João”, pode ser de interesse histórico, a pesar de seu valor
dúbio: “E os soldados, tendo tomado transportes públicos,
viajaram rápido, tendo feito ele [João] assentar-se no meio deles.
E quando chegaram à primeira troca, sendo isto na hora do desjejum,
eles o encorajaram a se animar, tomar o pão e comer com eles. E João
disse: eu me regozijo, de fato, na alma, mas enquanto isto, não
desejo tomar qualquer alimento… E no sétimo dia, sendo este o dia
do Senhor, ele disse a eles: Agora é tempo para eu também
participar do alimento.”21 O “sétimo dia” citado aí
pode referir-se ao sétimo dia, sábado, especificamente, ou ao
sétimo dia da jornada. Se a referência é à última alternativa,
este seria também o sábado, considerando que a prática na área de
João era não jejuar aos sábados.22
Em conclusão, não existe uma única peça de
evidência concreta, em qualquer lugar do Novo Testamento indicado
que o domingo foi considerado um dia semanal de culto para os
cristãos, em vez disto, o próprio Cristo, Seus seguidores por
ocasião de Sua morte, e os apóstolos depois de Sua ressurreição
regularmente frequentavam serviços de culto no sábado, o sétimo
dia da semana.
Além disto, quando a observância cristã do
domingo finalmente tornou-se evidente, do terceiro ao quinto século,
isto ocorreu lado ao lado com o sétimo dia, o sábado, como já
visto. A questão que emerge agora tem que ver com quando e como a
observância cristã do domingo surgiu. Este aspecto vital do nosso
estudo será tratado na medida em que investigarmos, cuidadosamente,
as fontes históricas, no artigo seguinte desta série.
Referências
1 Artigo
traduzido do original em inglês por Amin A. Rodor, Th.D., diretor do
Salt, no UNASP, Campus Engenheiro Coelho, SP.
2 Willy
Rordorf, Sunday: The History of the Day of Rest and Worshi – in the
Easlieste Centuries of the Christian Church. Tradução da original
alemão, por. A.A. K. Graham, ed. 1962 (Filadélfia, 1968).
4 Socrates
Scholasticus. Ecclesiastical History, livro 5, cap. 22 (The Nicene
and Post-Nicene Fathers [NPNF] 2ª. Série, Vol. 2, p. 132).
6 Apostolic
Constitutions, livro 7, cap. 23; livro 8, cap. 33 (The Ante-Nicene
Fathers [ANF], vol. 7, p. 469, 495).
8 Cassian,
Institutes of the Coenobia, livro 5, cap. 26 (NPNF, 2a série, vol.
11, p. 243). Cf. Institutes iii, 2 e Conferences iii. (NPNF, 2a
série, vol. 11, p. 213, 319).
9 Gregory
of Nyssa, De Castigatione (“On Reproof”), Em Migne, Patrologia
Graeca, vol. 46, col. 309 (Grego) e col. 310 (Latim).
10
Asterius, Homily 5, em Matthew 19:33, em Migne, Patrologia Graeca,
vol. 40, col. 225 (Grego), e col. 226 (Latim).
16 Cf. Mt
12:11 e Lc 14:5. A interpretação rabínica também permitia o
salvamento da vida (em emergência real), como mais importante do que
as regulamentações do sábado. Ver “Mekita Shabbath”, 1, onde
uma interpretação é dada, sobre como o sábado poderia ser
desconsiderado em favor de salvar-se a vida de uma pessoa, para que
ela pudesse observar muitos sábados.
19 A fonte
patrística mais antiga e clara é Clemente de Alexandria. Veja
Miscellanies, cap. 14 (ANF, Vol. 2, p. 469). Referências posteriores
quanto a isto serão mencionadas na próxima seção deste artigo).
20 Na
controvérsia da páscoa, aproximadamente no ano 190 d.C. a província
Romana da Ásia aderiu ao Quartodecimanismo (celebração em 14 de
Nisan, independente do dia da semana), uma prática que Polycrates de
Ephesus conecta com os apóstolos João e Felipe. A narrativa da
controvérsia é oferecida por Eusébio, em Ecclesiastical History,
livro 5, cap. 23-25 (NPNF, 2ª série, vol 1, p. 241-244).
22 O
Oriente, incluindo a província romana da Ásia, nunca adotou o jejum
semanal do sábado. Detalhes adicionais aparecerão, nos próximos
artigos desta série.
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